A expedição do submarino a OceanGate, que culminou na morte de cinco pessoas após o submersível implodir, é considerada uma atividade de turismo de aventura, uma forma de viagem que busca muitas emoções, desafios, e são geralmente realizadas ao ar livre e ambientes naturais.
Uma das características marcantes do turismo de aventura é a interação direta com o ambiente natural. Na ocasião, cinco tripulantes de um submersível foram ao fundo do Atlântico Norte para visitar restos do famoso navio naufragado: Titanic.
É importante ressaltar que o turismo de aventura envolve certos riscos e requer preparação adequada. Os viajantes devem estar cientes dos desafios e perigos envolvidos nas atividades que desejam realizar, bem como tomar as precauções necessárias, como utilizar equipamentos de segurança adequados e seguir as orientações de guias especializados.
A reportagem da Itatiaia conversou com Luiz Del Vigna, diretor da Associação Brasileira das Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), que contou sobre a prática e a procura em diversos países do mundo.
O que faz uma pessoa procurar um turismo de aventura e praticar esportes radicais?
“O que faz uma pessoa procurar o turismo de aventura é o retorno da infância. O turismo de Aventura é uma coisa muito lúdica, ela é uma brincadeira, você está na terra ou no ar, mas é sempre ligado a brincadeiras. Pós pandemia eu acredito que houve uma mudança nesse perfil porque a pandemia afastou o convívio com o ambiente natural, e esse afastamento compulsório acabou criando uma sede de contato com a natureza.”
O turismo de aventura tem crescido nos últimos anos?
“O setor de turismo de natureza vem crescendo desde 1992 no Brasil, quando houve a conferência do meio ambiente no Rio de Janeiro. A Rio 92 trouxe luz sobre o processo de turismo ambiental e desde então esse mercado vem crescendo. Diferentes números e indicadores dão conta de um crescimento de 20% ao ano que é um crescimento absurdamente grande, enquanto outros apontam algo em torno de 3% ao ano. O que é possível afirmar é que o mercado vem crescendo e, pós pandemia, o crescimento foi realmente grande.”
Quem são as principais pessoas que procuram este tipo de turismo?
“O turismo de aventura não é algo muito barato, então é um público mais maduro, com mais estabilidade de renda. Também há uma quantidade muito grande de mulheres praticantes entre diferentes modalidades, parece que as mulheres são mais corajosas do que os homens. Pós pandemia, já vinha esse movimento e parece que aumentou, é a presença da família, com os chamados grupos transgeracionais, com, por exemplo, um avô, um pai e o filho, ou a avó, a mãe, a filha e a netinha.”
Quais são as principais atividades e locais procurados para este tipo de turismo no Brasil?
“O turismo de natureza acontece no Brasil todo, em todos os lugares tem um rio, uma montanha, uma trilha. o Brasil inteiro é um lugar legal para fazer turismo de Aventura. Tem três atividades que podem ser destacada no país.
A caminhada. O Brasil hoje tem uma rede Brasileira de trilhas que conectam unidade de conservação, um projeto extraordinário que existe hoje de conexão desses parques e a caminhada é uma modalidade que praticamente todos têm condições de fazer, ela alcança muita gente, pode se fazer uma caminhada de curtíssima duração ou uma caminhada de uma hora.
Nos últimos anos a bicicleta e o ciclo turismo vem se desenvolvendo com muita rapidez. Hoje há bicicletas caríssimas para a prática, além de outras mais simples e econômicas, o auxílio elétrico também facilita muita gente. Algo que favorece o cicloturismo é a observação de aves, inclusive em Minas, que tem cidades como Botumirim, no Norte do Estado, que é muito visitada por estrangeiros.
Outra atividade que vem chamando a atenção em diferentes povos é o turismo equestre, que durante muito tempo teve um público muito nichado e as experiências na área vem aumento.”
Quais são os riscos deste tipo de turismo e como se prevenir?
“O que é importante destacar aqui é que o Brasil dispõe de um conjunto de normas técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que regram, orientam ou normalizam a prática do turismo de aventura no país, sendo pioneiro nesse processo foi reconhecido, inclusive sendo reconhecido pela ONU na área. Nós temos hoje é um conjunto de fato de 42 normas, destas, 17 foram normas adotadas pela comunidade internacional e todas elas são básicas para cada atividade.
Na legislação brasileira, tanto pelo código brasileiro de Defesa do Consumidor, quanto pela lei geral de turismo, as empresas que operam com o turismo de aventura são obrigadas a manter implementado nas suas atividades um sistema de gestão de segurança de acordo com a norma técnica aplicável.
Uma das coisas mais importantes é o inventário de perigos e riscos, que é um documento que avalia esses riscos isso está previsto na norma. Não só o risco, mas o tratamento e o que vai ser feito caso o a situação se materialize.
É preciso fazer um seguro de viagem para participar deste tipo de turismo?
“A legislação diz que o seguro é facultativo, mas que a empresa precisa oferecer o plano. A Abeta considera que o seguro é compulsório, ele não deveria ser facultativo, e sim ser obrigatório. A recomendação é que a empresa associada da Abeta ofereça um seguro, nem que seja de graça.”