O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, vai-se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Casa Branca, nesta quarta-feira (21), em sua primeira viagem internacional desde o início da invasão russa em fevereiro.
A visita ratifica que Washington apoiará Kiev “pelo tempo necessário”, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, no comunicado oficial que anuncia o encontro.
De poucas horas de duração, a passagem do ucraniano por Washington será marcada por medidas de segurança sem precedentes.
A viagem acontece no momento em que a guerra está perto de completar dez meses. Será acompanhada pelo anúncio de uma nova ajuda “significativa” de Washington a Kiev, que incluirá um sistema antiaéreo Patriot.
A Rússia advertiu que a nova entrega de armas à Ucrânia agravará o conflito.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, também afirmou que não espera que Zelensky mude sua posição sobre a recusa a negociar com o presidente russo, Vladimir Putin, após a visita.
A Casa Branca informou que Zelensky se reunirá com Biden e depois fará um discurso em uma sessão conjunta do Congresso americano.
“A caminho dos Estados Unidos para fortalecer a resiliência e as capacidades de defesa”, tuitou o presidente ucraniano, que também confirmou o discurso para senadores e representantes no Congresso dos Estados Unidos.
Também nesta quarta-feira, Putin programou uma reunião com seus chefes militares em Moscou, depois de admitir uma situação “extremamente difícil” nas quatro regiões ucranianas que o Kremlin afirma ter anexado.
Putin declarou que continuará desenvolvendo o potencial militar, incluindo a “preparação para o combate” de suas forças nucleares.
“Continuaremos mantendo e melhorando a preparação de combate da nossa tríade nuclear” (mísseis lançados de silos terrestres, de submarinos de navegação e de aeronaves aéreas), disse ele aos militares.
Seu ministro da Defesa, Serguei Shoigu, disse na reunião que será “necessário” aumentar o número de soldados para 1,5 milhão.
- Nova ajuda -Em 1º de setembro de 2021, Zelensky foi recebido por Biden no Salão Oval. Na ocasião, o presidente americano prometeu apoiar a ex-república soviética diante da ameaça da Rússia.
O cenário será o mesmo nesta quarta-feira, mas o ambiente é muito diferente. Trata-se de primeiro encontro presencial do ucraniano desde a invasão da Rússia, que transformou Zelensky no líder de um país em guerra e deixou Biden como o comandante da resposta ocidental contra Moscou.
Além da reunião com Biden e sua equipe na Casa Branca, o presidente ucraniano concederá uma entrevista coletiva, informou uma fonte do governo americano.
A mesma fonte, que pediu anonimato, disse que Washington anunciará um novo pacote de ajuda de “quase US$ 2 bilhões à Ucrânia”, que incluirá um sistema de mísseis terra-ar Patriot.
Há vários meses, Kiev pede este tipo de tecnologia para conter a ofensiva das tropas russas.
A mesma fonte informou que será necessário treinar as tropas ucranianas para usar o armamento sofisticado, o que acontecerá em um “terceiro país e levará algum tempo”.
Os congressistas americanos se preparam para votar um novo pacote de ajuda à Ucrânia, de quase US$ 45 bilhões.
Em uma visita à cidade de Bakhmut, leste da Ucrânia e ponto crucial da frente de batalha, Zelensky já havia dado a entender que iria aos Estados Unidos, quando recebeu uma bandeira do país assinada pelos soldados de Kiev.
“Vamos entregá-la ao Congresso dos Estados Unidos, ao presidente dos Estados Unidos. Agradecemos por seu apoio, mas não é o suficiente”, declarou, na cidade devastada pelos combates.
A guerra, de fato, não dava trégua nesta quarta-feira.
O Estado-Maior ucraniano relatou bombardeios russos no leste e no nordeste do país. Ao menos três pessoas morreram, e 14 ficaram feridas, em ataques nas regiões de Donetsk e de Kherson, segundo as autoridades locais.
O Exército russo afirmou ter capturado “novas colinas” perto de Donetsk, reduto dos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.
Após uma série de reveses militares russos no nordeste e sul da Ucrânia, os combates se concentram atualmente no leste do país.
A Rússia também bombardeia as infraestruturas ucranianas, em particular as instalações do sistema de energia e áreas militares. Os ataques deixaram milhões de ucranianos sem água, luz, ou aquecimento, no início de um inverno rigoroso.