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Psicóloga avalia benefícios dos livros para colorir para a saúde mental

Sucesso de vendas, mais que diversão, passatempo ajuda a unir pessoas e também a desestressar

“Agora é mais delicioso, estando junto com os filhos”, disse Paula Bruno, mãe de Alice, de 10 anos

Não tem como escapar deles: estão nas livrarias físicas e virtuais, nas lojas de brinquedo de crianças ou de artigos variados e até nas banquinhas dos camelôs. Os livros de colorir voltaram a capturar o interesse das pessoas com força total. Tanto que já tem meme que lista as tendências do ano e quem está lá ao lado do Labubu e do Morango do Amor?

Exatamente: o “Bobby Goods”, a coleção que caiu no gosto das redes sociais e puxou obras semelhantes. Na ‘febre’ anterior, os livros com temáticas de jardins e mandalas eram os favoritos. Desta vez, os temas são fofos: ursinhos, gatinhos, raposas, capivaras e até mesmo a união com outra ‘febre’, o Stitch, personagem de animação da Disney que ganhou live-action neste ano. As coleções estavam entre as várias dicas acessíveis de presentes para o Dia das Crianças.

Outra diferença é que os lápis de cor perderam o protagonismo para as canetinhas. E a variedade de cor varia conforme o orçamento: não importa se são 30 ou 180, sempre falta.

Para entender as vantagens sobre este hobby, a Itatiaia ouviu representantes de livrarias em Juiz de Fora e conversou com uma psicóloga sobre as vantagens deste hobby até para o autoconhecimento.

“Programa de família”

Na casa da enfermeira Paula Bruno, livros e canetinhas ganharam um cantinho na casa, para a filha, Alice, testar a imaginação e as possibilidades de combinar cores. Às vezes, os primos também se unem em um mutirão de compartilhamentos de estojos para um momento de relaxamento em família

“O Bobby Goods e todos esses livros similares oram muito legais porque tiram as crianças da tela. Fazem a criança trabalhar a coordenação, trabalhar ali o equilíbrio, a concentração. Além disso, formou um programa de família muito gostoso. Hoje em dia, a gente com essa vida corrida consegue parar ali para voltar aquele momento antigo, recordando da nossa infância que era colorir, que era uma delícia. Agora muito mais delicioso, estando junto com os filhos”, disse.

Ganhando no combo.

A febre começou no BookTok – perfis de Tiktoks voltados para livros. A cena é comum: todo dia alguém entra na loja procurando pelos livros de colorir. A gerente da Livraria Nobel, Nivea Bastos Souza, disse que o público tem gostos variados

“A gente recebe pessoas na Rodoviária procurando pelos “Bobby Goods” e também pelos livros com a mesma proposta, só que com temas diferentes, com personagens diferentes, como capivara, Hello Kitty, “Colorindo com Deus Pai’. Todos os dias, a gente vende para criança e para adulto. Esses livros têm páginas mais grossas, normalmente não tem ilustrações no verso, só frente, justamente para ser colorido com canetinha e não necessariamente só com lápis.No entanto, a gente tem vendido muitos lápis de cor junto, porque tem pessoas que optam por colorir da maneira mais tradicional, que são com os lápis, em vez das canetas”.

As opções possuem preços e formatos diversificados. Cada vez mais editoras investiram em trazer títulos - e foi uma das opções citadas entre os presentes para o Dia das Crianças e segue forte para as vendas de fim de ano. E por causa deles, vários outros itens são levados pelos clientes, como confirma a Ana Luísa Bellavinha Maciel, supervisora da Leitura em Juiz de Fora

“A canetinha própria, que é feita com álcool, então ela espalha na página, é diferente daquele do cor comum. E cada vez mais as crianças querem ter mais opções de cores. Então a gente, por exemplo, tem um estojo com 162 cores, que está custando R$ 899 reais. A gente já vendeu, já estamos repondo. Tem várias quantidades de canetinhas, lápis de cor queas pessoas usam e no momento a preferência é pela canetinha especial, que chama Touch”

“Apago aquele estresse que há em mim”

A psicóloga Ana Stuart disse à Itatiaia que o preconceito etário contra o hábito de colorir pode revelar algo mais profundo nos adultos.

“Muita gente não gosta de desestressar porque não quer se deparar com seus conteúdos mais profundos. Quando se desestressa, você tem essa condição de acionar seus conteúdos mais profundos, mas para isso precisa do silêncio interior. E colorir é um dos fatores que ajuda nisso”.

Ela destacou como o hábito estimula crianças e pode contribuir para a saúde mental, independente da idade.

"É um momento em que eu esqueço de tudo, né, apago aquele estresse que está dentro de mim e reflito nas coisas do dia a dia, Reflito meus conteúdos mais profundos. Depois que eu termino de colorir, eu saio tomando várias decisões, porque o nosso inconsciente trabalha de forma silenciosa”.

Ouça.

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Natural de Juiz de Fora, jornalista com graduação e mestrado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Experiência anterior em Rádio, TV e Internet. Gosta de esporte, filmes e livros. Editora Web na Itatiaia Juiz de Fora desde 2023. Tricampeã na categoria Web/Mídias Digitais no Prêmio Oddone Prêmio Oddone Turolla de Jornalismo, do Sindicomércio JF.