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Zé Roberto Guimarães abre o jogo sobre decisões, aposentadoria e momento do vôlei

Treinador da Seleção Brasileira concedeu entrevista à Itatiaia antes do início da VNL

José Roberto Guimarães é parabenizado pela Seleção Brasileira

José Roberto Guimarães é técnico da Seleção Brasileira de Vôlei Feminino desde 2003. O comandante viveu todas as situações no comando do Brasil. Nesta quinta-feira (4), o técnico inicia mais um ciclo olímpico no comando da Seleção, com a disputa da Liga das Nações de Vôlei (VNL).

A Seleção Feminina entra em quadra entre os dias 4 a 8 de junho. Depois da rodada no Brasil, a Seleção ainda terá jogos na Turquia e no Japão. Ao final da primeira fase, as sete melhores equipes mais o país anfitrião disputam a fase final em jogos eliminatórios. O título da VNL feminina será disputado entre os dias 23 a 27 de julho, em Lodz, na Polônia.

O calendário de Seleções ainda prevê outra competição em 2025. O Brasil disputará o Mundial entre os dias 22 de agosto a 7 de setembro, na Tailândia.

Em pouco menos de uma hora, Zé Roberto fez um diagnóstico sobre o momento do vôlei no Brasil. O técnico criticou as negociações “cada vez mais cedo” entre os clubes e afirmou que isso influencia o rendimento das atletas em quadra.

Ele também admitiu carências e apontou os soluções. Segundo o comandante, a formação de atletas do Brasil precisa ser mais robusta. Zé Roberto criticou decisões de algumas levantadoras ao longo da carreira.

“O que eu acho é que algumas não escolheram bem. É um processo de escolha que preferiram ir pro banco do time, ganhando mais, mas serem reservas. Essas levantadoras que eram segundas de grandes times, elas poderiam jogar num time menor, ganhar menos, mas investir mais na carreira. E isso acabou não acontecendo. E aí o que que acontece? Regressão”, disparou.

“Porque todo mundo precisa jogar e levantadora precisa estar constantemente em ação, né? Isso aconteceu com algumas levantadoras nossas, que nós tínhamos um projeto para o futuro. De olhar essa menina, se ela continuar nesse crescimento, ela pode melhorar, pode evoluir, pode crescer e ela pode ter chance de jogar na seleção nacional. E acabou acontecendo porque ela acabou estacionando por uma opção de vida, algumas por necessidade, né, que precisam de dinheiro, a família precisa de dinheiro”, afirmou.

“O que é compreensível Nesse ponto, mas sabe que vai cair, que pode correr um risco na carreira. Agora tem que fazer um esforço enorme para jogar, Leonardo, para poder ser vista, para poder tá pronta a qualquer momento de ter uma oportunidade.

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Zé faz o tipo do “bom entrevistado”. Não foge de perguntas mais complicadas e se posiciona. A conversa, prevista para 15 minutos, durou quase 60. O técnico se colocou contra técnicos estrangeiros no Brasil, por exemplo.

O treinador também falou sobre o corte de Kisy antes dos Jogos Olímpicos de Paris, na última temporada. As ausências de Gabi, Carolana e Natinha foram abordadas.

O técnico do Brasil destacou a diferença nas gerações quando perguntado sobre o tema. José Roberto relembrou os sacrifícios que fez ao longo da carreira, além de falar que hoje algumas jogadoras “não querem” o sacrifício para defender o Brasil.

Aposentadoria?

Os anos de seleção e os trabalhos em clubes refletem em muita experiência na quadra. Zé Roberto admitiu que o fim da carreira como treinador está próximo.

“Eu acho que é difícil eu perder (a paixão) porque isso está muito forte em mim. Quando eu tenho que representar o meu país, vestir a camisa do meu país... Você vê jogadores mais velhos que foram tanto mais experientes, vamos falar assim... foram tão importantes pra gente, que vinham contando histórias do que é participar do Mundial, de uma Olimpíada, o que uma Vila Olímpica, o que é representar o seu país contra as melhores seleções no mundo. Isso era o meu sonho de criança”, disse.

“Deixar essa paixão, essa coisa vai ser difícil. Eu acho que lógico que vai ter fim, né? Enquanto eu tiver essa força, essa vontade de querer realizar, de querer crescer, de colaborar e eu achar que ainda eu estou colaborando, tudo bem, mas não tá muito longe o fim. Vou ficar muito triste quando acabar, porque foi sempre muito intenso, sabe? Foi muito uma vida inteira pensando, falando, vivendo, comendo, dormindo, vôlei, apaixonada por isso, deixando as coisas que eu mais gosto na vida da minha família para ir para fora, para aprender, estar do lado dos melhores, do lado das melhores jogadoras, aprender com elas, aprender com gente de outras modalidades”, destacou.

“Eu gostaria de deixar um legado assim, de representar bem o meu país e de ter orgulho disso”, finalizou.

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Leonardo Parrela é repórter multimídia na área de esportes na Itatiaia. É formado em Jornalismo pela PUC Minas. Antes da Itatiaia, colaborou com Globo Esporte, UOL Esporte e Hoje Em Dia, onde cobriu Copa do Mundo, Olimpíada e grandes eventos.