José Roberto Lages Guimarães tem 70 anos e é, desde 2003, técnico da Seleção Brasileira de
O técnico admitiu que existe carência em determinadas posições e afirmou ser um reflexo do processo de formação de atletas no país. Zé Roberto relembra que nem todos os clubes da Superliga, por exemplo, investem na base.
“Aqui no Brasil, você já tem uma carência de ponteira, você tem uma carência de levantadoras, mas isso é investimento de base, de infraestrutura, também de competição de dinheiro”, explica.
“Quanto mais a gente tiver trabalhando na base, investindo, revelando jogadoras, tem quantidade junto com qualidade. Isso ajuda a desenvolver o voleibol brasileiro”, destacou.
“Fazer esporte no Brasil, você sabe que é difícil. Acho que nós somos heróis, porque eu, por exemplo, coloco dinheiro no meu bolso para pagar o projeto e recebo críticas. Corremos para fazer o melhor resultado possível, só que os adversários também têm as mesmas aspirações que a gente, de ganhar, de ir para o pódio”, pontua.
Zé Roberto relembrou que nomes históricos do Vôlei como Gamova e Sokolova não foram campeãs olímpicas. O brasileiro também pontuou que os trabalhos vencedores de Sérvia, EUA e Itália começaram ainda em 2016 com a formação dos elencos.
Críticas ao ‘Mercado do Vôlei’
O treinador não poupou críticas ao processo de troca de atletas ainda com a temporada em andamento. Zé Roberto destacou que a situação não ocorre apenas a nível profissional, também afetando as jogadoras na base.
“Tá muito complicado essa coisa de todo ano a renovação vir mais cedo, mais cedo. E aí, lógico, você já tá jogando aqui, mas no ano que vem eu vou jogar lá. Tem que botar a camisa até o final e ficar ali, né, ralando até o final. Também acho que tá ruim, tá feio”, disse.
A nível profissional, Zé pontua que as movimentações de mercado influenciam no rendimento da quadra. A nível da base, o comandante do Brasil entende ser necessário uma lei que protegesse e auxiliasse os clubes formadores nessa questão.
“Tá muito cedo. Tá horrível. Tá muito cedo. Cada vez mais cedo, né? E não é só Brasil, é fora do Brasil também. As jogadoras e os procuradores estão acertando com uma antecedência enorme. Não vem dizer para mim que ah, continua o comportamento do mesmo jeito. É muito difícil. Sabe, o ideal seria que acabasse a temporada ou algo similar”, disparou.
“Na base acontece isso e o problema é que a gente não tem respaldo. Você treina uma jogadora, começa lá no time com 11, 12 anos, ela faz três anos com um time na base e depois ela quer ir embora. E o time? Eu acho que tinha que ter um respaldo de lei aonde te onde protegesse o time formador, sabe? E que te ajudasse a continuar mantendo esses times de base”, concluiu.