A Polícia Civil intimou o volante Bobadilla, do
Uma equipe de investigadores esteve no CT da Barra Funda nesta quinta-feira (28) para entregar a intimação. Os policiais também solicitaram imagens do estádio, a fim de esclarecer o ocorrido. As informações foram repassadas pelo delegado Rodrigo Correa Baptista, em entrevista exclusiva à Itatiaia.
“Informalmente, foi dito na terça-feira que o Bobadilla se apresentaria na delegacia na quarta. Até o momento, ele não compareceu. Há uma ordem de serviço. Uma equipe de investigadores já esteve no São Paulo e entregou a intimação para que ele compareça na sexta-feira à tarde. Também solicitamos imagens do estádio para entender melhor a dinâmica dos fatos, identificar quem estava próximo ao investigado e à vítima, e confrontar essas imagens com os demais elementos já colhidos”, explicou Rodrigo.
O delegado também comentou sobre o diálogo com o São Paulo ao longo do processo. Mais cedo, nesta quinta-feira (28), o clube
“Temos uma relação saudável com todos os clubes. Esta é uma unidade especializada, responsável por investigar casos de intolerância esportiva em jogos. Neste caso específico, o São Paulo ainda não se manifestou oficialmente, não fez nenhuma intervenção nem explicou a ausência do jogador após a partida”, declarou Rodrigo, que conduz as investigações.
Miguel Navarro acusa Bobadilla de tê-lo ofendido com a frase: “venezuelano morto de fome”. A Lei nº 7.716/1989 tipifica crimes resultantes de preconceito de raça ou cor. No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) adota uma interpretação mais ampla, reconhecendo a xenofobia — o preconceito contra estrangeiros ou pessoas de outras nacionalidades — como uma forma de racismo.
“A injúria racial prevê a possibilidade de prisão em flagrante, com pena de dois a cinco anos. É um crime inafiançável e imprescritível”, acrescentou o delegado.
Navarro prestou depoimento por cerca de meia hora na base da Polícia Militar instalada no estádio do Morumbis e, em seguida, foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim), onde registrou o boletim de ocorrência, na noite da última terça-feira (27).
O que Bobadilla, do São Paulo, teria dito para Navarro?
De acordo com Miguel Navarro, Bobadilla teria proferido a frase “venezuelano morto de fome”. Ele também explicou o contexto de quando a confusão aconteceu, logo após o gol marcado por Luciano na reta final da
“Lamentável. Aconteceu quando Luciano estava dando uma volta ao campo, eu pensei ‘que loucura, precisamos jogar’. Bobadilla disse que estávamos ganhando tempo, eu pergunto ‘que tempo?’, se ganhavam. E ele me chama de venezuelano morto de fome”, explicou Navarro.
Posicionamento de Bobadilla
“Olá a todos, aqui para falar um pouco sobre o que aconteceu ontem à noite. Primeiro, foi um jogo muito quente, um clima tenso durante todo o jogo. Depois do nosso segundo gol, tive uma discussão com o jogador do Talleres”, iniciou Bobadilla.
“Fui ofendido primeiramente e também tratado com um pouco de desprezo. Nunca tive a intenção de discriminar ninguém. No calor, reagi mal. Queria pedir desculpas publicamente a ele. Se tiver oportunidade de falar com ele pessoalmente, vou pedir desculpas também. Bem, só queria esclarecer isso, e um grande abraço a todos”, completou, nos Stories do Instagram.
Posicionamento do São Paulo
O São Paulo Futebol Clube, por meio desta nota oficial, reafirma seu compromisso com os princípios de respeito, igualdade e inclusão, pilares fundamentais que norteiam suas atividades esportivas e institucionais.
Em face dos acontecimentos ocorridos durante a partida contra o Club Atlético Talleres, válida pela CONMEBOL Libertadores, o Clube informa que está acompanhando atentamente a apuração dos fatos pelas autoridades competentes, colaborando integralmente com as investigações em curso.
O São Paulo FC reitera que repudia veementemente qualquer manifestação de discriminação, preconceito ou intolerância, seja ela de natureza racial, étnica, nacional ou de qualquer outra forma.
O Clube permanece à disposição das autoridades e das entidades esportivas para quaisquer esclarecimentos adicionais e reforça seu compromisso contínuo com a promoção de um ambiente esportivo pautado pelo respeito mútuo e pela dignidade humana.
Em relação ao nosso atleta Bobadilla, que, ao longo de sua carreira, não apresentou histórico de conduta disciplinar negativa - ao contrário, sempre pautou sua trajetória pelo profissionalismo - entendemos ser fundamental que o Clube ofereça suporte institucional. O Clube providenciará que ele seja devidamente orientado por meio de medidas educativas que serão conduzidas pela área de compliance.
Posicionamento do Talleres
“Nós do Club Atlético Talleres queremos expressar nossa mais firme condenação ao ato de xenofobia sofrido pelo nosso jogador Miguel Navarro. Nós nos solidarizamos profundamente com Miguel e sua família neste momento.
Como instituição, nos manifestamos contra qualquer forma de discriminação. Não há lugar para ódio no futebol. O futebol é uma ferramenta de integração, respeito e união entre culturas. Continuaremos trabalhando para que esses valores prevaleçam dentro e fora de campo.
Miguel, temos orgulho de você e de suas origens. Todos os Talleres apoiam você".