Companheiro de Bruno Henrique no Flamengo, entre 2019 e 2022, o ex-meia Diego Ribas manifestou-se sobre a situação do atacante, indiciado pela Polícia Federal por suposta fraude em competição esportiva, e o impacto das apostas esportivas no meio do futebol. O ex-atleta, com passagens por Santos, Atlético de Madrid, Werder Bremen e Seleção Brasileira, demonstrou preocupação com o tema.
“Bruno Henrique e as casas de apostas. Jogador se envolveu em um grande problema, está sendo investigado pela Polícia Federal por um suposto favorecimento a amigos, familiares. O que eu posso dizer sobre isso? Convivi quatro anos com o Bruno Henrique. Um cara maravilhoso, um coração incrível. O Bruno é exatamente isso que ele passa para vocês. Um cara humilde, autêntico, verdadeiro. E eu fico aqui na torcida para que isso se resolva da melhor forma possível”, iniciou Diego Ribas, em depoimento em suas redes sociais.
“Mas eu não estou aqui apenas para falar do Bruno Henrique. Eu estou aqui para falar de uma nova realidade que os atletas vivem devido à inserção das casas de apostas, que eu respeito, mas não compactuo. Eu respeito, mas não incentivo as pessoas a participarem desse mundo. Pela dependência química que ela traz e pelo prejuízo em todas as áreas da vida. ‘Ah, Diego, mas tem outros vícios também que as pessoas incentivam, o álcool, a pornografia, tudo isso pode se tornar um grande vício’. Sim, mas a casa de aposta traz algo a mais, a parte da dependência química, ela (também) traz a ilusão do favorecimento, do benefício financeiro. É ilusão, porque realmente o final disso é terrível”, seguiu o ex-meia.
Bruno Henrique indiciado pela Polícia Federal
O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal (PF), na última segunda-feira (14), por suposta fraude em competição esportiva. Além do jogador, outras dez pessoas são alvo de investigação. A informação foi divulgada pelo portal Metrópoles.
O jogador teria oferecido informações privilegiadas a parentes e pessoas próximas sobre o recebimento de cartão amarelo na partida entre Flamengo e Santos, em novembro de 2023, pelo Campeonato Brasileiro.
Segundo o site, investigadores acharam mensagens comprometedoras no celular de Wander Nunes Pinto Júnior, irmão do jogador. O aparelho foi apreendido pelos agentes.
Ao todo, 3.989 conversas foram analisadas no Whatsapp de Bruno Henrique. Veja aqui as mensagens trocadas entre o jogador e seu irmão.
Quem é Wander, irmão de Bruno Henrique
Assim como o craque do Flamengo, Wander é destaque dentro de campo.
Seu brilho, porém, é no futebol amador. Wander é conhecido como Juninho Neymar, e é um atacante de destaque da várzea de Belo Horizonte e de Minas Gerais.
O atleta acumula títulos pelo estado e é um dos mais valorizados do cenário amador.
Entenda o caso
As investigações começaram em agosto de 2024, quando operadores de apostas apresentaram movimentações suspeitas acerca do cartão recebido por Bruno Henrique contra o Santos, em 2023.
Segundo apuração da Itatiaia, três bets (KTO, Betano e Bet da Galera) emitiram alerta de aposta atípica por contas recém criadas minutos antes da partida.
No dia 5 de novembro de 2024, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, em Vespasiano, em Lagoa Santa e em Ribeirão das Neves. A operação foi chamada de Spot-Fixing, uma expressão inglesa que faz alusão à manipulação de uma situação específica de um jogo.
O Flamengo decidiu não afastar o jogador durante as investigações.
Em entrevista ao Sportv após o título do Flamengo na Copa do Brasil, dia 10 de novembro do ano passado, Bruno Henrique garantiu ser inocente e disse estar tranquilo.
“Sim (sou inocente). Recebi (a operação) de uma forma agressiva. Não esperava da forma que foi, mas eu acredito na justiça lá de cima. Deus é um cara que sempre sabe. A minha vida, a minha trajetória, desde quando eu comecei a jogar futebol. Deus sempre foi comigo. E, cara, eu estou tranquilo em relação a isso”, disse BH.
Confira, na íntegra, o depoimento de Diego Ribas, ex-meia de Santos, Flamengo e Seleção Brasileira:
“Bruno Henrique e as casas de apostas. Jogador se envolveu em um grande problema, está sendo investigado pela Polícia Federal por um suposto favorecimento a amigos, familiares. O que eu posso dizer sobre isso? Convivi quatro anos com o Bruno Henrique. Um cara maravilhoso, um coração incrível. O Bruno é exatamente isso que ele passa para vocês. Um cara humilde, autêntico, verdadeiro. E eu fico aqui na torcida para que isso se resolva da melhor forma possível.
Mas eu não estou aqui apenas para falar do Bruno Henrique. Eu estou aqui para falar de uma nova realidade que os atletas vivem devido à inserção das casas de apostas, que eu respeito, mas não compactuo. Eu respeito, mas não incentivo as pessoas a participarem desse mundo. Pela dependência química que ela traz e pelo prejuízo em todas as áreas da vida. ‘Ah, Diego, mas tem outros vícios também que as pessoas incentivam, o álcool, a pornografia, tudo isso pode se tornar um grande vício’. Sim, mas a casa de aposta traz algo a mais, a parte da dependência química, ela (também) traz a ilusão do favorecimento, do benefício financeiro. É ilusão, porque realmente o final disso é terrível.
Tenho amigos internados em clínicas de dependente químico. Jogadores jovens, com uma carreira promissora, que colocaram tudo a perder por causa desse vício. Então, eu não compactuo e não incentivo. Mas é uma realidade, os números são exorbitantes, são bilhões envolvidos. E isso é difícil para os jogadores também, que podem se tornar vítimas ambiente de segurança, num churrasco, numa conversa que tem na sua casa, você pode compartilhar informações daquilo que vai acontecer no jogo, ‘quem vai bater o pênalti sou eu’. Imagina o Memphis que decidiu fazer aquela jogada que ele chutou a bola para fora. E foi uma decisão dele, até onde eu me informei. Se ele fala para amigos ali, em uma ambiente de segurança dele e alguém se beneficia financeiramente daquilo, ou se ele fala por uma mensagem. Nem todos os jogadores têm a malícia. Apenas estão compartilhando num ambiente de intimidade, compartilhando informações como sempre fizeram. Só que hoje não podem mais. Por que eu falo isso e trago esse assunto à tona?
Porque passou da hora dos clubes e das casas de apostas proporcionarem cursos, cartilha de comportamento. Reeducar os jogadores para se comportar dentro do ambiente onde eles estão inseridos hoje e que podem sim ser prejudicados. Não estou falando que situação de A, B ou C foi isso que aconteceu, mas tenho a certeza absoluta disso que estou falando. Pode acontecer e pode prejudicar alguém, se não já prejudicou nesse caminho. A minha mensagem aqui é para que todos nós tenhamos a consciência do que está acontecendo, é uma realidade que tem que ser vivida. As casas de apostas estão inseridas hoje no meio do esporte, principalmente do futebol. Mas os jogadores têm que ser reeducados para poder não ter problema dentro desse meio e dessa situação, dentro dessa novidade que pode ser um grande problema. Essa é minha mensagem.”