Nesta quinta (4), no Rio de Janeiro, a 1ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) deu início ao julgamento de Bruno Henrique, atacante do
A defesa do Flamengo pediu a absolvição de todas acusações contra Bruno Henrique.
“Dentro do planejamento estabelecido pelo clube para a temporada de 2023, o melhor interesse esportivo do Clube de Regatas do Flamengo não foi afetado ou prejudicado na hipótese de o atleta receber, como de fato recebeu, o terceiro cartão amarelo naquela ocasião. Muito ao contrário, o mencionado cartão amarelo, terceiro cartão amarelo, não aconteceu esportivamente de forma inesperada considerando o calendário dos torneios em disputa à época”, diz trecho do documento enviado pelo Flamengo ao Tribunal.
Michel Asseff Filho reforçou que o Flamengo deveria “estar torcendo” pelo cartão amarelo de Bruno Henrique. Com a terceira advertência, o atleta ficaria suspenso contra o Fortaleza na próxima rodada. Na partida imediatamente seguinte, o adversário foi o Palmeiras, que na época disputava as primeiras posições do Campeonato Brasileiro.
Presente de maneira virtual à sessão, Bruno Henrique fez um breve pronunciamento ao Tribunal. O atacante não depôs.
Caso é julgado pela 1ª Comissão Disciplinar do STJD nesta quinta-feira (4)
Após cerca de três horas de discussão, a Comissão Disciplinar decidiu pelo prosseguimento do processo após a defesa de Bruno Henrique pedir a prescrição do processo pela perda de prazo do STJD. Por 3 a 2, a decisão foi pelo “não” ao pedido.
A sessão teve início com a leitura da denúncia da Procuradoria e relatório da investigação na esfera criminal pelo auditor relator Alcino Guedes, como a transcrição das mensagens trocadas por Bruno Henrique e Wander.
Após este primeiro momento, as defesas de Bruno Henrique, Claudinei Vitor e Douglas Ribeiro, amigos de Wander, irmão de Bruno Henrique, argumentaram pela prescrição do processo.
Bruno Henrique participa do julgamento de forma virtual
Alcino Guedes, relator auditor, defendeu que a Procuradoria utilizou 58 dos 60 dias de prazo para apresentar a denúncia após o recebimento das informações da Polícia Federal. William Figueiredo e Carolina Teixeira Ramo acompanharam este voto.
Marcelo da Rocha Ribeiro Dantas e Guilherme Martorelli, presidente e vice-presidente da 1º CD, respectivamente, acolheram a prescrição. Com o placar de 3 a 2 contrário à prescrição, o Tribunal passou a analisar o mérito do processo.
Como testemunhas da Procuradoria, Daniel Cola, delegado de Polícia Federal e responsável pelas operações “Jogo Limpo” e “Sport-Fixing”, e Pedro Lacaz, representante da KTO, foram ouvidos.
Confira, na íntegra, o posicionamento do Flamengo ao STJD:
“Prezados auditores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, o Clube de Regatas do Flamengo, por meio de seus representantes legais, em atenção aos fatos ocorridos na partida disputada entre Flamengo e Santos, válida pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023, ocorrida no dia 1º de novembro de 2023, vem respeitosamente, ciente de que a presente declaração servirá como prova nos autos do presente processo, informar e declarar que não teve prejuízo esportivo em decorrência do cartão amarelo recebido pelo atleta Bruno Henrique nos momentos finais da mencionada partida.
Isso porque, dentro do planejamento estabelecido pelo clube para a temporada de 2023, o melhor interesse esportivo do Clube de Regatas do Flamengo não foi afetado ou prejudicado na hipótese de o atleta receber, como de fato recebeu, o terceiro cartão amarelo naquela ocasião. Muito ao contrário, o mencionado cartão amarelo, terceiro cartão amarelo, não aconteceu esportivamente de forma inesperada considerando o calendário dos torneios em disputa à época.
Ademais, é relevante destacar que o atleta Bruno Henrique é um ídolo histórico do Clube de Regatas do Flamengo e sempre cumpriu suas obrigações profissionais de modo irretocável. Por fim, o Flamengo reitera seu compromisso com fairplay no futebol, repudiando toda e qualquer forma de manipulação de resultados, adverte que anualmente faz apresentações sobre regras vigentes no Brasil, inclusive sobre mercados de apostas, e se coloca à disposição do STJD do futebol para prestar eventuais esclarecimentos adicionais acerca dos referidos fatos”.
A investigação da PF e a denúncia contra Bruno Henrique
A denúncia contra Bruno Henrique é resultado das informações coletadas no inquérito 107/2025, que investigou o atacante do Flamengo por forçar um cartão amarelo e beneficiar apostadores em partida do Campeonato Brasileiro de 2023.
Segundo investigação da Polícia Federal, o jogador teria forçado um cartão amarelo de forma deliberada durante a partida entre Flamengo e Santos, disputada em novembro de 2023, no Mané Garrincha, válida pelo Campeonato Brasileiro. A conduta teve como objetivo beneficiar apostadores, entre eles seu irmão, Wander Pinto Junior, e sua cunhada, Ludymilla Araújo Lima.
Na época, havia apenas indícios de correlação entre a anormalidade detectada no mercado das bets e o cartão amarelo aplicado ao jogador, sem que houvesse elementos que demonstrassem a relação de causalidade entre o evento desportivo e a ação ilícita de jurisdicionados.
O cenário mudou completamente após a conclusão das investigações pela Polícia Federal e o compartilhamento das provas com a Justiça Desportiva.
A investigação constatou que Bruno Henrique forçou o cartão amarelo, uma vez que tal conduta havia sido previamente comunicada a seu irmão, Wander Nunes Pinto Junior, por meio de mensagens trocadas em um aplicativo de mensagens.
Segundo a autoridade policial, Bruno Henrique teria deliberadamente atuado para fraudar o jogo ao repassar informação privilegiada ao seu irmão Wander.
De posse da informação, Wander realizou apostas na véspera da partida utilizando sua conta e da sua esposa. Além disso, o irmão de Bruno Henrique repassou a informação a amigos com o intuito de também realizassem apostas, visando obterem vantagem indevida em detrimento dos interesses das operadoras de apostas.