Dificilmente alguma edição do Campeonato Brasileiro terá tantas marcas com a de 1977, que teve na decisão o confronto entre São Paulo e Atlético, que jogam neste domingo (6), às 16h, no Morumbi, pela 18ª rodada da Série A.
Toda vez que os dois clubes se enfrentam é impossível não recordar daquele 5 de março de 1978, isso porque o Brasileirão de 1977 invadiu o ano seguinte, algo comum na história da competição nas décadas de 1970 e 1980.
A maior marca daquela final é sem dúvida o título do tricolor, que pela primeira vez na sua história conquistou uma competição nacional fazendo 3 a 2 nos pênaltis, isso após empate sem gols no tempo normal e prorrogação num Mineirão lotado por 112.974 pagantes, quase duas vezes a capacidade atual do Gigante da Pampulha.
Esse jogo único não era novidade, pois as duas edições anteriores, ambas vencidas pelo Internacional, já tinham sido decididas assim. Mas o fato curioso é que as semifinais foram em ida e volta, com o São Paulo eliminando o Operário-MS e o Atlético, o Londrina-PR.
A partida aconteceu no Mineirão porque o Galo tinha uma campanha muito superior. Em 20 partidas, somava 17 vitórias e três empates, alcançando 48 pontos. O São Paulo, também em 20 jogos, tinha 13 vitórias, três empates e quatro derrotas.
Jogar em casa era a única vantagem atleticana. E como o jogo ficou 0 a 0 no tempo normal e prorrogação, com o São Paulo conquistando o título nos pênaltis, o Galo foi vice-campeão brasileiro invicto, algo inédito na história do Campeonato Brasileiro.
Outra marca daquele jogo foi a ausência dos centroavantes dos dois lados, jogadores que marcaram época no futebol brasileiro nas décadas de 1970 e 1980, sendo inclusive titulares da Seleção em Copas do Mundo.
Pelo lado alvinegro, Reinaldo, camisa 9 do Brasil em 1978, na Argentina, estava suspenso por uma expulsão contra o Fast Club, em Manaus, em 1º de fevereiro, pelo Grupo T da fase final, que tinha quatro grupos de seis clubes com o vencedor de cada chave avançando às semifinais.
O julgamento de Reinaldo foi arrastado e quando aconteceu tirou o craque atleticano da final. Naquele Brasileirão, ele marcou 28 gols em 18 partidas, com a incrível média de 1,55.
O camisa 9 da Seleção em 1982, na Espanha, foi Serginho, do São Paulo, que também não entrou em campo no Mineirão naquele 5 de março de 1978. Em 12 de fevereiro daquele ano, numa derrota de 1 a 0 para o Botafogo-SP, em Ribeirão Preto, ele chutou o auxiliar Vanderval Rangel, sendo suspenso por 11 meses e perdendo inclusive a chance de brigar por uma vaga no Mundial daquele ano, na Argentina.
Sem os dois goleadores em campo, o 0 a 0 é justificável. E sem a rede balançar, pela primeira vez o Brasileirão foi decidido nos pênaltis. João Leite, do Atlético, defendeu as cobranças de Getúlio e Chicão. Peres, Antenor e Bezerra converteram e deram o título ao São Paulo, pois apenas Ziza e Alves marcaram para o Galo. O goleiro são-paulino Waldir Peres não fez nenhuma defesa, mas Toninho Cerezo, Márcio e Joãozinho Paulista chutaram para fora.
O título do São Paulo representou o tricampeonato brasileiro em sequência do técnico Rubens Minelli, pois ele já tinha conquistado o título em 1975 e 1976 dirigindo o Internacional.