Foi por acaso, e graças ao futebol, que se criou um dos maiores ícones do rádio brasileiro. José Lino Souza Barros, que morreu nesta segunda-feira (30), aos 86 anos, começou a sua trajetória de quase 66 anos na Itatiaia por acaso, graças a uma partida disputada em homenagem a Januário Carneiro, fundador da Rádio de Minas, no começo de 1957.
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“Januário tinha sido eleito o melhor locutor esportivo de Minas Gerais, e como ele estudou no Colégio Arnaldo os padres de lá o convidaram para levar o time da rádio para jogar no campo do colégio, para comemorar esse prêmio que ele recebeu. A Itatiaia à época não tinha 11 funcionários, então o Januário convidou alguns de um time que ele jogava chamado Avante. Eu era amigo do Jair Dabian, que trabalhava na rádio, e ele me convidou para ir também. Não entendia nada de futebol, mas acabei apitando o jogo, porque não tinha mais ninguém para apitar. Quando acabou o jogo, estávamos no vestiário, e o Januário perguntou o que eu ia fazer naquele dia. Respondi que ia para casa almoçar, e ele pediu para eu ir para a Itatiaia fazer o plantão, e foi assim que comecei na rádio”, recordou, certa vez, José Lino.
A experiência deu certo, e os plantões logo se transformaram em um trabalho fixo, mais uma vez graças ao Esporte. “Fiz este primeiro plantão, voltei no outro domingo e assim foi. Pouco depois abriu uma vaga de redator de Esporte e fui contratado. E assim as coisas foram acontecendo, até eu começar a narrar jogos, poder cobrir Copa do Mundo”, lembrava José Lino, que iniciou sua carreira na Itatiaia no dia 24 de março de 1957.
Outra data marcante para o ícone do rádio brasileiro foi o dia 5 de setembro de 1965, quando se tornou o primeiro locutor do Mineirão, logo no dia da inauguração do Gigante da Pampulha. “Isso parece uma bobagem, mas foi uma coisa que me marcou. Eu fui a primeira voz do Mineirão. ‘Torcedor, seja bem-vindo ao estádio Magalhães Pinto’, esta foi a primeira frase nos autofalantes do Mineirão. Foi logo cedo, às 7:00, porque foi um dia inteiro de eventos, até o famoso gol do Buglê. Quando fui convidado para ser um dos locutores do Mineirão fiquei muito emocionado, por poder participar dessa data e dessa festa”, recordou.
Além de ter seu nome registrado na história como a primeira voz a falar no Mineirão, ele foi responsável ainda por registrar passagens marcantes do futebol, principalmente, na televisão. José Lino tem como momentos inesquecíveis a cobertura da conquista do tricampeonato mundial pela Seleção, em 1970, no México, e do título brasileiro de 1971, pelo Atlético, no Maracanã, com a vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo.
Recorde a trajetória de José Lino na Itatiaia: