Começa neste sábado (21) o Campeonato Mineiro 2023 e a Itatiaia vai te apresentar um outro ponto de vista do futebol. Dizem que o 12º jogador do time é a torcida. Mas e o 13°, você conhece?
A Itatiaia conversou com três fotógrafos esportivos - Mourão Panda, do América, Pedro Souza, do Atlético e Vinnicius Silva, que trabalhou no Cruzeiro por quase uma década - e conheceu histórias sobre a relação entre a profissão, o futebol e o Estadual.
Pra começar, conheça nossos entrevistados:
América - Mourão Panda
O mais experiente dos três, Mourão está na cobertura do futebol mineiro desde 2009. Sempre atrás das câmeras e à frente do compromisso de fotografar o Coelho, começou na cobertura esportiva ainda jovem, ao receber uma câmera fotográfica do pai. Desde então, são mais de 40 anos fazendo cliques.
Atlético - Pedro Souza
Apaixonado pelo Clube Atlético Mineiro desde criança, o fotógrafo é natural de Ouro Branco e decidiu cursar jornalismo para estar próximo do clube do coração. Mudou-se para Belo Horizonte e agarrou as oportunidades que apareceram. Ele participou de projetos autônomos e tirou fotos da torcida até se tornar o “homem das lentes” do Galo.
Cruzeiro - Vinnicius Silva
Fotógrafo esportivo desde 2009, Vinnicius Silva começou a carreira cobrindo o Cruzeiro. Acompanhou o clube do coração nas conquistas dos Campeonatos Brasileiros de 2013 e 2014 e na Copa do Brasil de 2017. Torcedor de carteirinha, Vinnicius garante que ‘se desliga’ enquanto está fotografando na beirada do campo.
E agora, compartilhamos algumas das histórias contadas por eles:
Sobre cobrir o time do coração
Mourão: “Estou tendo a oportunidade e a honra de registrar o Coelhão crescendo ano após ano. Com alguns percalços pelo caminho, mas com mais vitórias e cada dia mais forte!”
Pedro: “Sempre fui muito atleticano, sempre acompanhei demais o clube. Eu participava até pouco tempo da torcida organizada. Quando era do interior, montava caravana para vir para BH para assistir aos jogos do Atlético. Hoje tenho um sonho realizado”
Vinnicius: “Foi tudo intenso. 23 meses trabalhando diariamente vivendo como ‘um sonho de moleque’ toda essa experiência de trabalhar no Cruzeiro”
Sensação de estar tão próximo do clube
Mourão: “Eu sou um fotógrafo-torcedor e um torcedor-fotógrafo, então ali do lado do campo eu sofro bastante”
Pedro: “Meu sonho era trabalhar com rádio, me envolver com alguma coisa voltada ao Atlético, até que um dia eu pensei ‘pô, posso chegar lá, pode ser que alcance meu sonho’ e acabou que eu consegui. É uma sensação intensa estar ali durante os jogos”
Vinnicius: "É muito bom, não vou falar que eu consigo ficar desligado o tempo todo, porque não tem como. No jogo do Judivan, em que ele volta de lesão, ele bate o pênalti, faz o gol, eu fotografo com as lágrimas correndo. Ele é um grande amigo meu, ainda das categorias de base”
Pedido dos jogadores
Mourão: “Tem jogador que gosta mais de foto do que outros, tem uns que são mais insistentes, tem uns que parecem jogar até com o celular no bolso porque o juiz apita e ele já ta no Whatsapp pedindo a foto!”
Pedro: “Cara, o Vargas e o Pavón pediam muita foto, todos eles gostam. Mas tem uns caras que pedem mais e eu sei que eu tenho que dar uma ‘atençãozinha’ maior, porque são os caras que que gostam mais.”
Vinnicius: “O cara faz o gol hoje e quer postar na mesma hora, então, às vezes, eu estava descendo para a minha sala e o jogador já botava a mão no meu ombro, ‘E aí cadê a foto? Cadê a foto? Já tá no meu WhatsApp?’. Esse contato sempre foi muito bom”
Título mais marcante
Mourão: “Com certeza foi contra o Atlético em 2016. Conseguimos empatar no final do jogo com aquele gol do Danilo. Foi tão emocionante que até quebrei a mão enquanto fotografava a volta olímpica”
Pedro: “Brasileiro, sem pensar duas vezes. A ficha demorou para cair. Por tudo o que aconteceu, pra gente ficar naquela ansiedade de agora vai, agora vai, agora vai, e depois de 50 anos a gente viver a história”
Vinnicius: “A final da Copa do Brasil de 2017. Eu escutei os jogos das Copas do Brasil de 93 e de 96 pelo rádio. Quando vivi isso no gramado, na beira do campo a ficha caiu. E, naquele momento, era meu último jogo trabalhando para o Cruzeiro”
Foto mais marcante
Mourão: “A foto do gol do Danilo, com certeza. Os jogadores embaixo do gol, fazendo uma festa fantástica. No segundo jogo, como era mando do outro time, nós não tínhamos a maioria, mas fizemos uma festa incrível”
Pedro: “Foi no Atlético e Boca aqui no Mineirão, pela Libertadores, depois do Everson fazer as defesas de pênalti. Eu consegui pegar uma imagem muito legal dele ajoelhado com o terço na mão, chorando, e no fundo do placar dos pênaltis. É uma das fotos mais perfeitas que eu tenho”
Vinnicius: “Sempre que eu paro pra analisar essa pergunta eu tenho que pensar numa foto. Mas a da reinauguração do estádio, que o Dagoberto fez o gol da virada no clássico e ele abre o braço com a torcida toda de fundo, com certeza é a mais marcante. Eu estava, eu peguei capturei ele de costas e a torcida do Atlético de frente. Essa foto rodou o Brasil”
Sobre fotos perdidas
Mourão: “Uma vez, em 2017, eu entreguei um cartão vazio para o editor e acabei formando o cartão que tinha as fotos tiradas durante um jogo. Perdemos todos os registros da partida”
Pedro: “Foi muito espontâneo, porque o certo era eu ser profissional, eu tinha que continuar com a câmera no Keno, só que na hora que ele bateu pro gol eu tirei o olho da câmera para ver se a bola tinha entrado ou não. E na hora que eu tentei voltar, já tava tudo desfocado, eu já tava tremendo, eu não sabia se eu clicava ou se eu gritava, então eu tentei respirar na hora ali e tentei fazer os cliques”
Vinnicius: “O gol do Arrascaeta de voleio contra o América. Eu tava na bandeirinha de escanteio, onde eu sempre fico. Não sei o que aconteceu, eu virei pro lado e vi o Rapozinho e ele me chamou. Quando eu larguei a câmera ele virou o voleio. Até tentei consertar, mas já não dava mais”
Sobre o Mineiro 2023
Mourão: “Será um dos estaduais mais difíceis dos últimos anos. Às vezes os clubes jogam com o time misto. Esse ano acho que não vai ter isso, vão todos com força máxima e o América está vindo muito forte”
Pedro: “Cara, a expectativa é que a gente possa ganhar um tetracampeonato, que tem muito tempo que nenhum clube conquista. Você ganhar um campeonato mineiro quatro vezes seguidas, neste século, nessa década, é um pouco difícil, né? A expectativa é grande porque vai ser um campeonato difícil”
Vinnicius: “Eu gosto do Campeonato Mineiro. Sentar e assistir o Estadual. Faz parte da minha vida. Se eu tivesse que cobrir o Mineiro ou a ‘LaLiga’ eu escolheria o Mineiro.”
(Sob supervisão de Marina Borges, Hugo Lobão e Leonardo Gimenez)