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Intoxicação por metanol: Hungria pode ter ingerido bebida 72 horas antes dos sintomas

Em coletiva de imprensa, médicos esclareceram que, por conta da suposta ingestão de etanol (antídoto) com metanol (veneno), os sintomas podem demorar a aparecer

Hungria está internado em Brasília

Hungria, de 34 anos, começou a sentir os primeiros sintomas de intoxicação por metanol na manhã de ontem – mas a bebida destilada contaminada pode ter sido ingerida 72 horas antes dos primeiros sinais. Apesar dos sintomas clínicos e do tratamento feito para este tipo de contaminação, o caso ainda é tratado como suspeito, conforme coletiva de imprensa realizada por médicos do DF Star nesta sexta-feira (3).

A intoxicação pela substância será confirmada após exames que terão os resultados divulgados entre 5 e 7 dias. No entanto, em muitos casos, segundo o Dr. Leandro Machado, podem ocorrer falsos negativos.

Hungria foi hospitalizado após a irmã dele entrar em contato com o médico por volta das 9h de quinta-feira (2). Após relatar os sintomas, o profissional recordou da recente viagem do cantor para São Paulo e dos casos de intoxicação por metanol.

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O artista apresentava sintomas intensos de cefaleia, náusea, dor abdominal e visão turva. “Ele veio para o DF Star, que é o meu hospital de retaguarda, onde eu interno os meus pacientes. Chegando aqui, a gente viu que a clínica era muito sugestiva de intoxicação por metanol, e foi feito as medidas clínicas para isso: o tratamento com o etanol, ácido fólico, e a gente iniciou a diálise”, disse Leandro.

Os sintomas começaram por volta das 7h e, em duas horas, Hungria chegou ao hospital. “Em relação aonde foi a intoxicação, a gente não tem como saber. Pode ter sido em São Paulo? Pode, uma vez que o uso do metanol com o etanol, diminui o tempo para ele começar a apresentar sintomas.”

“O antígeno para o metanol é o etanol. Então se ele tá tomando os dois juntos, ele tá tomando o veneno e o antígeno, e com isso demora mais tempo para começar a apresentar os sintomas da intoxicação. Pode ter sido aqui em Brasília? Pode. Mas isso quem vai decidir é a polícia, com a investigação que já está sendo feita”, acrescenta.

Tratamento incluiu administração de etanol por via oral

Segundo os médicos, o cantor permanece na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas está “estável” e sem necessidade de aparelhos para respirar. “Ele fez hemodiálise ontem e tá fazendo hemodiálise hoje. A gente espera que essa seja a última sessão de hemodiálise para ele, que é para tirar o metanol do sangue. O etanol não tira o metanol [...] A diálise é que faz esse papel”, esclarece.

No caso de Hungria, o etanol foi administrado, de acordo com o peso do artista, por via oral – sendo conhaque ou cachaça. “Destilado de procedência confiável, a gente calcula a dose baseada na concentração e, por protocolo, se o paciente estiver bem, acordado, podemos dar por via oral ou passando uma sonda para fazer essa administração”. No hospital, o cantor tomou 180 ml de etanol diluído em suco de morango.

A expectativa é de que Hungria não passe por diálise amanhã e receba alta médica até segunda-feira (6). “Aí a gente vai começar a conversar sobre a alta hospitalar para acompanhamento domiciliar”, destaca.

“A gente até pediu um videogame pra ele agora, porque ele já tá agoniado de ficar lá", acrescenta. Os médicos afirmaram, também, que ele não ficou com sequelas, mas ressaltaram:

Exames irão apontar possível intoxicação por metanol

Ainda em coletiva, os médicos informaram que aguardam exames. “Então a gente faz análise com o laboratório interno e a gente envia uma amostra também para as autoridades sanitárias para que possam nos apoiar”, diz.

Ainda não se sabe o local exato em que ele pode ter sido intoxicado, mas o Boteco da Villa, em São Bernardo do Campo, em São Paulo, onde ele se apresentou no domingo (28), foi interditado. Duas pessoas que frequentaram a casa de shows e consumiram destilados foram intoxicados.

“A gente acha que foi em São Paulo por toda a história, mas não tem como ter certeza enquanto não sair as investigações policiais”, ressalta Machado.

O consumo de bebida destilada em Brasília ocorreu na quarta. Porém, com a junção de etanol e metanol os sintomas podem ter demorado para aparecer.

Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.
Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.