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Ainda conforme o estudo, o aumento no uso de plataformas digitais no Brasil demonstra uma mudança no hábito de vida, e de gastos da população, que está cada vez mais conectada. Em média, as famílias gastam por mês R$ 150 em assinaturas com plataformas de séries, jogos e músicas.
À Itatiaia, Paulo Pacheco, professor de economia da Faculdade Ibmec, destaca que é importante manter-se alerta diante da situação. Segundo ele, existe uma mudança no comportamento das pessoas, que, muitas das vezes, trocam os lazeres externos para entreter-se na tela do celular.
"É uma série de mudanças no comportamento que fazem as pessoas terem um volume de assinaturas e gastos em plataformas muito superior. É uma tendência, no meu entendimento, irreversível. Mas vai continuar assim? Talvez não. Porque o que a história mostra é que estamos sempre resolvendo nossas necessidades, que, no passado eram resolvidas de outra forma, hoje elas são resolvidas em plataformas de streaming e amanhã pode ser diferente”, explica.
Pacheco pontua que a qualidade do conteúdo gasto com streaming deve ser observada. “Principalmente para as famílias com rendas mais baixas, uma parte significativa está caminhando para essas plataformas. A consequência é a qualidade daquilo que estão consumindo: se é só em função do lazer, ou também se tem estudo, ou melhoria da capacidade de ganhar dinheiro, ou até de fazer outras coisas da vida”, relata.
Segundo o especialista, “não é um problema as pessoas quererem lazer nos streamings é só entender as consequências dos atos”. “Az vezes você está trocando horas de estudo por lazer, trabalho por um momento gostoso e alegre no streaming. Tem que observar se não está sendo feita a troca do futuro pelo presente. Essa é a consequência das escolhas hoje”, salienta.
Por fim, Pacheco reforça que existem plataformas online que são benéficas para o crescimento profissional e desenvolvimento pessoas. Ele também alerta para os cuidados do uso exacerbado das novas tecnologias por crianças e adolescentes. “Os pais acham que eles já estão aprendendo a ‘linguagem do futuro’. Não, eles não sabem tecnologia, ele é um usuário que está fazendo escolhas pelo curto prazo. Ele está embebecido em plataformas que podem não ajudar em nada no futuro desse jovem”, diz.
“Novamente, existem plataformas maravilhosas que ajudam demais no desenvolvimento da criança e do jovem, plataformas excepcionais, mas eu já observei em vários estudos que elas são as menos utilizadas. Então se a pessoa passa horas e horas em cima de plataformas de diversão ela tá trocando o futuro”, encerra o professor.
E em meio a vontade de estar conectado em diversas plataformas e não comprometer tanto o orçamento familiar, cada um usa a estratégia que pode. É o caso de João Vitor Lopes, que evita fazer novas dívidas. “Eu uso plataformas de streaming mas no modo gratuito. Assisto bastante anúncios ou uso a conta das minhas irmãs”, disse o mecânico.
Rafaela Resende, que é monitora de cães, afirma que não é adepta ao streaming, mas que sua família tira parte da renda para as assinaturas. “Eu não gosto, eu sou mais das redes sociais, Instagram, TikTok. Mas minha mãe, minha irmã, juntam e dividem o valor, dá um pouco pra cada. Fica mais barato, hoje em dia tá muito caro. Eu prefiro os vídeos curtos da internet”, conta ela.