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Conheça o ‘filme brasileiro’ que ganhou o Óscar em 1960 e foi parar na Broadway

‘Orfeu Negro’ foi baseado em peça de Vinícius de Moraes e teve trilha sonora assinada por Tom Jobim e Luiz Bonfá; filme foi gravado no Brasil e estrelado por atores brasileiros, mas estatueta não veio para o nosso país

Breno Mello foi o protagonista do filme

A vitória de Fernanda Torres como melhor atriz de drama no Globo de Ouro alimentou a esperança do Brasil conquistar seu primeiro prêmio no Óscar com o filme “Ainda Estou Aqui”. O que muita gente não sabe é que, em 1960, um filme gravado no Brasil, com elenco, trilha sonora e roteiro brasileiros faturou o prêmio de Melhor Filme Internacional. Porém, a estatueta acabou indo para outro país.

Lançado em 1959, o filme “Orfeu Negro” é baseado em “Orfeu da Conceição”, uma peça de Vinícius de Moraes que, por sua vez, é baseada na mitologia grega. A história adapta a relação entre Orfeu e Eurídice para a realidade da capital fluminense, com a pobreza e a vida nas favelas pontuando todo o enredo.

O protagonista do filme foi o ator Breno Mello. “Orfeu Negro” foi, na verdade, o primeiro filme de Breno, que na época era jogador de futebol e defendia as cores do Fluminense. Ele fez par romântico com a atriz francesa Marpessa Dawn que, coincidentemente, morreu um mês depois do brasileiro, em 2008.

O restante do elenco principal é todo brasileiro, incluindo nomes famosos como Tião Macalé, Cartola, Léa Garcia e o atleta Adhemar Ferreira da Silva, que ganhou duas medalhas de ouro nas Olimpíadas. A trilha sonora do longa é assinada por Tom Jobim e Luis Bonfá.

Orfeu Negro faturou a Palma de Ouro em Cannes, o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Porém, apesar de ter sido todo filmado em português, ter roteiro, elenco e trilha sonora brasileira, a estatueta ficou com a França, que produziu o filme junto com o Brasil e a Itália. Esse foi o primeiro filme em língua portuguesa a ser premiado no Óscar.

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O filme é citado por Jean-Michel Basquiat como uma de suas primeiras influências musicais. Já o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirma que a produção era o filme favorito de sua mãe. Em 2014, foi anunciada uma adaptação da peça para os palcos da Broadway. Desde então, alguns nomes que irão participar da adaptação já foram anunciados (incluindo Carlinhos Brown). Porém, até agora, a peça não tem data para estrear.

Temos ou não temos Óscar?

Pelo menos dois “quase-brasileiros” já foram premiados no Óscar. Nascida no Brasil, Luciana Arrighi venceu o Óscar de Melhor Direção de Arte em 1993 com o filme “Retorno a Howard’s End”. Apesar de ter nascido no Rio de Janeiro, ela foi criada na Austrália, a terra-natal de sua mãe. Por isso, ela não é considerada uma ganhadora brasileira.

Situação inversa foi vivida pelo produtor Daniel Marc Dreifuss. Ele nasceu na Escócia, mas se mudou para Belo Horizonte no início da infância. “Nada de Novo no Front”, filme produzido por Daniel, faturou quatro estatuetas do Óscar em 2023, incluindo Melhor Filme Internacional.


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Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.