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Após Globo de Ouro, brasileiro que ganhou Oscar comenta chances de Fernanda Torres

Daniel Dreifuss, criado em Belo Horizonte, foi produtor de “Nada Novo no Front”, que levou quatro estatuetas em 2023

Mineiro de BH e vencedor do Oscar, Daniel Dreifuss diz descreve atuação de Fernanda Torres como “admirável”

Fernanda Torres, de 59 anos, está mais perto do que nunca de conquistar um Oscar, o maior prêmio do cinema mundial. Na noite deste domingo (5), a artista fez história ao ser a primeira brasileira a levar o Globo de Ouro de “Melhor Atriz de Drama”.

A artista desbancou grandes nomes de Hollywood e conquistou o reconhecimento mundial pela atuação no filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles.

    O Brasil só teve artistas nomeadas nesta categoria do Globo de Ouro duas vezes: além de Fernanda Torres, sua mãe, Fernanda Montenegro, foi indicada por “Central do Brasil” em 1999. No entanto, ‘Fernandona’ perdeu o prêmio para a australiana Cate Blanchett, estrela de “Elizabeth”.

    Após ganhar um dos prêmios mais importantes do cinema mundial, cresceram as expectativas para uma possível indicação e até vitória do Oscar de “Melhor Atriz”. A premiação acontece no dia 2 de março e os indicados serão divulgados em 17 de janeiro.

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    O último brasileiro a conquistar a estatueta foi o produtor Daniel Dreifuss. Nascido na Escócia, ele veio para o Brasil ainda bebê, com um ano e meio, e cresceu em Belo Horizonte. Após começar a faculdade de cinema, ele deixou o Brasil para ir em busca de realizar o sonho de trabalhar com cinema de Hollywood.

    Daniel produziu o filme alemão “Nada Novo no Front”, que conquistou quatro Oscars em 2023: “Melhor Filme Internacional, Melhor Direção de Arte, Melhor Trilha Sonora e Melhor Fotografia.

    Em entrevista à Itatiaia, o produtor afirmou tem “quase certeza” que “Ainda Estou Aqui” será indicado ao Oscar 2025, e vê grandes chances de Fernanda Torres ser indicada pelo papel de Eunice Paiva.

    “Eu não sou uma pessoa de apostas, mas tenho quase certeza que ‘Ainda Estou Aqui’ vai ser indicado. Eu acho praticamente impossível que o filme não seja nomeado. Este ano, a gente tem três das cinco indicações que são seladas: ‘Emilia Pérez’, que representa a França, embora seja em espanhol; ‘A Semente do Filho Sagrado’, que é um filme iraniano e representa a Alemanha; e ‘Ainda Estou Aqui’, representando o Brasil. Essas três indicações estão fechadas, as outras duas ainda estão em disputa”, opina sobre a categoria “Melhor Filme Estrangeiro”.

    De fato, ‘Emilia Perez’ venceu neste domingo o Globo de Ouro de Filme de Língua não Inglesa.

    Daniel explica que a cada ano, os países enviam um filme para representá-los na disputa pelo Oscar. Dos cerca de 90 filmes, todos são assistidos e ranqueados. Em seguida, a academia publica uma shorlist (uma lista dos longas pré-selecionados).

    “A lista de 90 filmes passa para 15, que já têm visibilidade. “Ainda Estou Aqui” já passou passou por essa seleção. Destes, saem os cinco indicados finais. Então eu acho que não há surpresas: “Ainda Estou Aqui” vai estar entre os cinco”, garante o produtor.

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    Já sobre Fernanda Torres, o vencedor do Oscar conta que ela tem chances reais de ser indicada ao prêmio de “Melhor Atriz”, um dos mais importantes da noite.

    “Eu adoraria ver a Fernanda indicada. Acho o trabalho dela magnífico, além de ser uma pessoa brilhante. Para atores de língua não-inglesa, ainda há uma barreira. Mas, ela pode perfeitamente entrar. Ela é uma das oito atrizes brigando pelas cinco vagas. Acho que todo mundo que vê o filme se encanta por ela, não só pela força da personagem, mas porque ela faz com dignidade e muito contida. Isso é mais difícil do que jogar móvel e chorar, é realmente muito admirável”, compara.

    Mas ‘Ainda Estou Aqui’ e Fernanda Torres têm chances de ganhar?

    Apesar de acreditar que Fernanda Torres e “Ainda Estou Aqui” tem grandes chances de serem indicados à estatueta, Daniel não crava uma vitória. Ele afirma que a disputa pelo Oscar é incerta e cheia de variáveis.

    “Ainda Estou Aqui” apareceu na lista de filmes pré-selecionados ao Oscar

    “Eu não posso responder se vão ganhar. A corrida pelo Oscar é um processo longo e igual ao de cavalinhos. Uma hora um cavalinho passa na frente, outra hora ele cansa e vai para trás. Então, tem semana que um filme desaparece e vem outro e chama a atenção. É uma coisa que você vai sentindo. A corrida é muito longa e estratégica. O timing da campanha é muito importante. O marketing tem um papel muito importante, não é só o filme aparecer e ser encantador para ganhar. Há muito trabalho e dinheiro investido”, conta.

    O produtor espera que as indicações do filme e de Fernanda Torres ao Oscar alavanquem o cinema nacional.

    “Temos que lembrar que “Central do Brasil” foi para o Oscar de 1999. São 26 anos que a gente não tem um filme brasileiro indicado. É muito tempo. Agora, a gente volta com outro filme do mesmo diretor. Acho que a gente tem muito talento no Brasil e muitas histórias lindas para serem contadas. Fico feliz que o Walter coloque o Brasil no cenário internacional, mas a gente tem vários talentos que precisam ter essa visibilidade. Ele abre um pouco dessa trilha para a gente”, afirma.

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    Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.