Com acenos ao governo Lula e alfinetadas na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), assinou nesta sexta-feira (4) um contrato com a Caixa Econômica Federal para a construção de mais 72 moradias do programa Minha Casa Minha Vida, desta vez na regional Norte da cidade.
Em entrevista à Itatiaia, em ato de assinatura na sede da prefeitura, Fuad Noman (PSD) afirmou ter parceria com o governo Lula e que não recebeu atenção do governo anterior nessa área.
“Belo Horizonte passou um tempo lá atrás sem receber nada. E, agora, nós temos uma parceria muito boa com o governo federal. O governo Lula tem atendido os pleitos de Belo Horizonte, e nós conseguimos, neste programa Minha Casa Minha Vida, para este ano, 3.060 moradias. Esses projetos já foram todos licitados e, agora, estamos assinando os contratos com a empresa, com a Caixa e com a prefeitura”, avaliou o prefeito, candidato à reeleição.
Fuad ainda projetou novas assinaturas semelhantes para as próximas semanas.
“Hoje estamos assinando mais 72 moradias, completando, já assinado, 880 [moradias]. Semana que vem tem mais, vamos passar de mil. Ou seja, o ano que vem vai ser um ano de muita construção, e eu fico feliz, porque nós sabemos a demanda, a carência que Belo Horizonte tem por moradias populares”, completou.
Fuad: Lula está de ‘braços abertos’
O prefeito Fuad Noman disse, ainda, que o governo Lula está de “braços abertos” para Belo Horizonte:
“Sabemos que ficamos aí os últimos quatro anos, do governo anterior, sem nada”, disse, em referência à gestão de Bolsonaro. “Agora, a gente tem que aproveitar que tem um governo que olha para Belo Horizonte, tem o governo federal atento às demandas de Belo Horizonte, e temos que aproveitar para agradecer ao presidente Lula e aos ministros, que recebem Belo Horizonte de braços abertos e nos atendem nas demandas mais importantes”, afirmou.
O prefeito disse ainda, que a capital mineira foi uma das poucas cidades que teve “contemplados todos os pedidos que fizemos”.
“E agora, o próximo passo é fazer no Aeroporto Carlos Prates mais 4500 casas. O projeto está terminando, e a gente vai ver se consegue assinar, se não esse ano, no início do ano que vem, caso seja reeleito.”
Três mil moradias no Minha Casa, Minha Vida
O contrato assinado nesta sexta-feira (4), adicionando mais 72 unidades habitacionais do programa do governo federal em Belo Horizonte, se soma a outras unidades já anunciadas pela Caixa Econômica Federal e pela Prefeitura de BH. Todas as moradias são direcionadas para o público de baixa renda, em diferentes regiões.
Já foram anunciadas 600 unidades habitacionais no bairro Bandeirantes, 80 unidades no bairro Manacás, 48 unidades na Vila São Jorge e 80 no bairro Itaipu.
A assinatura faz parte de um conjunto de 3 mil unidades habitacionais que devem ser anunciadas até o final deste ano. Com a assinatura de hoje, já estão contratadas as obras de 880 unidades Minhas Casa Minha Vida em Belo Horizonte.
Segundo a diretora de planejamento da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), Cristina Magalhães, as obras vão acontecer em diversas regionais da cidade.
“A gente tem várias regionais: Venda Nova, região Norte, Pampulha, Barreiro... são terrenos muito bem localizados, tanto que, do ponto de vista da pontuação, no padrão Minha Casa Minha Vida, a gente chegou no topo do padrão. Quando a gente fala bem localizado, tem infraestrutura, tem acesso a equipamentos [públicos] para a população. Então, são terrenos públicos, de localização muito boa para essa população, que é a população que precisa mais dos serviços públicos”, explicou.
Ao todo, nas 3 mil unidades, pode haver um investimento de mais de R$ 520 milhões, com recursos do governo federal e da prefeitura. Cada unidade recebe aporte da Caixa, e do Executivo municipal.
“O valor que sai do contrato do Minha Casa Minha Vida é de R$ 170 mil, mas a prefeitura está complementando. A gente está garantindo um aporte na média de R$ 30 mil a R$ 40 mil reais por unidade. Depende muito do projeto, depende muito do terreno. Quer dizer, a depender da condição da obra, precisa de um aporte maior, outros menor. Então é, se você considerar em torno de R$ 210 mil ou R$ 220 mil por unidade, vezes 3 mil [unidades]. A parte da prefeitura, em torno de R$ 30 mil a R$ 40 mil por unidade, e a parte do governo federal de R$ 170 mil por unidade. É esse é mais ou menos o valor que a gente vai fechar”, explicou.
E as obras acontecem nos próximos anos, de acordo com a assinatura de cada contrato.
“A previsão de construção, cada vez que a gente assina um contrato, as construtoras têm um prazo de 3 semanas para cumprir algumas cláusulas, que a gente chama de cláusulas suspensivas, algum documento que está faltando alguma coisa, mas nada muito complicado. E a partir daí, eles estão assinando o contrato em torno de 1 ano e meio. Mas esse que nós assinamos hoje vai terminar antes, 72 unidades. Ele falou com a gente que ele acha que com 12 meses ele entrega. Então, depende muito do porte”, completou.
Fuad rebate Duda sobre ligação com ditadura
O prefeito Fuad Noman (PSD) comentou a acusação de sua adversária, Duda Salabert (PDT), que, no debate da TV Globo desta quinta-feira (3), relacionou-o à ditadura militar. Segundo Fuad, a crítica mostra “desespero” por parte da pedetista.
No debate, Duda disse que Fuad serviu no 12º Batalhão de Infantaria, em Belo Horizonte, no período da ditadura e pediu que ele explicasse aos eleitores sobre sua vinculação com o regime militar. O prefeito respondeu que era um soldado, na época, mas cometeu duas gafes: uma ao chamar a ditadura de “revolução” — termo comumente usado a quem defende o regime de exceção — e outra ao dizer que alguma coisa “eventualmente” poderia ter acontecido no local.
Nesta sexta-feira (4), ao comentar o episódio, Fuad Noman disse ser um “democrata” e relembrou quando determinou que a Guarda Municipal retirasse apoiadores de Bolsonaro que estavam acampados na frente do quartel do Exército na avenida Raja Gabaglia.
“Quando eu entrei para o Exército, o evento de 64, eu tinha 16 anos. Em 1966 eu tinha 18. Eu era um soldado recruta. Imagina o que um soldado recruta pode fazer em termos de tortura no quartel. Não teve nada disso. Eu sou um democrata, já provei isso várias vezes, fui o primeiro governante a tirar o movimento antidemocrático da portal do quartel no dia 6 de janeiro, sofri todos os ataques possíveis. No dia 8 aconteceu aquele evento em Brasília. Eu fui o primeiro a colocar a Guarda para tirar aquilo porque estava uma esculhambação e era antidemocrático. Apoiei, no segundo turno, o candidato da esquerda, o presidente Lula e fiz isso a minha vida inteira. Fazer uma acusação daquela é desespero”, rebateu.
(Com informações de Mardélio Couto)