O senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do Orçamento de 2023, afirmou que será preciso negociar com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) possíveis mudanças no orçamento para que promessas de campanha sejam cumpridas. Ele, no entanto, considerou difícil que os valores previstos para as emendas de relator (que ficaram conhecidas como ‘orçamento secreto’) sejam retiradas da peça orçamentária do próximo ano.
Em entrevista ao jornal “Estado de São Paulo”, o senador demonstrou preocupação com as finanças do país. Ele alertou que o espaço no orçamento do próximo ano é pequeno e que o novo governo terá que dizer o que vai querer para 2023.
“Eu só posso tomar qualquer decisão depois de ouvir. Eles podem vir com uma proposta acabada, ‘queremos isso, isso e isso’, e podem chegar com proposta nenhuma. É ver o espaço do Orçamento e o que pode ser feito. O que eu sei é que, até as próximas semanas, porque as emendas estão sendo feitas agora, o novo governo tem de dizer o que ele quer e o que ele vai tratar nesse Orçamento”, explicou Castro.
Ele lembrou que a principal dificuldade será achar recursos para cumprir a promessa de manter o Auxílio Brasil com o valor atual de R$ 600. “Publicamente, o presidente assumiu esse compromisso. O Lula prometeu mais R$ 150 para as mães com crianças de até seis anos de idade, o que dá um valor de R$ 18 bilhões. Os R$ 200 a mais dão R$ 52 bilhões. Só aí são mais R$ 70 bilhões. Não há espaço no Orçamento para isso”, disse o relator.
‘Orçamento secreto’
Perguntado sobre o destino do chamado ‘orçamento secreto’ no governo Lula, o senador Marcelo Castro afirmou que “não faz milagres” e que não avalia retirar as emendas do relator, que ficaram conhecidas como ‘orçamento secreto’ da peça do próximo ano.
“Por que os parlamentares vão aprovar uma proposta que eu leve acabando com a RP9 (sigla do orçamento secreto)? Não vivemos de fantasia, mas de realidade. Seu propuser isso, você imagina: como é que se aprovaria? Eu não vou propor isso. Não vivo de fantasias, vivo de realidade. O presidente Lula já deu declarações de que é contrário (ao orçamento secreto). Ele vai tratar desse assunto agora ou quando assumir a presidência da República?”, perguntou o senador.