O presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou o Palácio da Alvorada na tarde desta terça-feira (1º) após um pronunciamento de dois minutos e seguiu, de lá, direto para a sede do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele se reúne com a presidente da Corte, Rosa Weber, além de outros ministros, como Gilmar Mendes e Kassio Nunes Marques. O ministro da Economia, Paulo Guedes, também estaria no local.
Em nota oficial, publicada após o discurso de Bolsonaro, o Supremo destacou que o presidente reconheceu o resultado final das eleições, que garantiram vitória a seu adversário no pleito, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que obteve 50,9% dos votos válidos.
“O Supremo Tribunal Federal consigna a importância do pronunciamento do Presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições”, diz a nota publicada no site do STF.
Ainda não se sabe o teor das conversas entre Bolsonaro e os ministros da Suprema Corte, mas um encontro entre as duas partes era cogitado desde o início da manhã de hoje e os ministros teriam condicionado a reunião a um discurso em que o presidente se manifestasse sobre o resultado das eleições, o que aconteceu por volta das 17 horas desta terça-feira (1º).
Pronunciamento de Bolsonaro
Quase 48 horas após o final do processo eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições de 2022, fez seu primeiro pronunciamento.
Em um discurso rápido, de apenas dois minutos no Palácio da Alvorada, o atual presidente agradeceu aos eleitores pelos votos recebidos no segundo turno das eleições, mas não parabenizou Lula pela vitória no último domingo (30).
Bolsonaro disse que as manifestações de caminhoneiros e apoiadores, que bloqueiam rodovias por todo o país, são fruto de “indignação e sentimento de injustiça”.
“Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”, afirmou.
Bolsonaro também disse, no entanto, que os métodos “não podem ser o da esquerda, que sempre prejudicaram a população”.
“As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, com a invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir. A direita surgiu de verdade em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade”, disse.
Mesmo sem citar o nome de Lula, Bolsonaro também se colocou como líder da oposição ao novo governo, ao dizer que a direita elegeu muitos representantes no Congresso Nacional.
“Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca, somos pela ordem e pelo progresso, mesmo enfrentando todo sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra”, disse.
"É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde amarela da Bandeira”, completou.
Em outro trecho do discurso, Bolsonaro disse que irá seguir a Constituição, embora não tenha citado a formação de um grupo de transição para que possa passar a faixa presidencial a Lula no dia 1º de janeiro de 2023.
“Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar as mídias e as redes sociais. Enquanto Presidente da República e cidadão continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição”, afirmou.