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Força Aérea cria ‘corredor aéreo’ para garimpeiros deixarem terra Yanomami

Desde a semana passada, território indígena vive situação de restrição aérea para aeronaves

FAB enviou cargueiro para ajudar em ações humanitárias no território indígena Yanomami

A Força Aérea Brasileira (FAB) flexibilizou, nesta segunda-feira (6) a determinação de fechamento do espaço aéreo na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Desde o fim da semana passada foi proibida a decolagem e pouso de aeronaves dentro do território, exceto as da FAB.

No entanto, desde o meio-dia foram criados três corredores aéreos para permitir a saída de garimpeiros que invadiram a área de forma ilegal. A autorização vale até a próxima segunda-feira (13).

De acordo com informações da FAB, cada corredor tem largura de 11 km e as aeronaves que decolarem de localidades distantes dos corredores aéreos deverão voar perpendicularmente até acessá-los.

Operação Escudo Yanomami

A Aeronáutica iniciou, no dia 1º de fevereiro, uma operação especial de controle do espaço aéreo da terra indígena Yanomami, em Roraima. A mudança foi anunciada pela Força Aérea Brasileira (FAB) para sufocar o garimpo ilegal na região., impedindo a logística de abastecimento de atividades criminosas. Até mesmo o abate de aeronaves não autorizadas será avaliado.

Com a implantação de uma Zona de Identificação de Defesa Aérea (Zida) haverá uma área reservada (Área Branca); uma área restrita (Área Amarela); e uma área proibida (Área Vermelha). O Comando da Aeronáutica terá autonomia para a adoção de medidas de controle do espaço aéreo contra todos os tipos de tráfego aéreo suspeitos, conforme previsto no Código Brasileiro de Aeronáutica. Na Área Vermelha, somente estão autorizadas aeronaves militares ou envolvidas na operação.

Crise humanitária

O povo Yanomami vive crise humanitária, com registros de mortes de crianças por desnutrição grave, falta de assistência médica e fome generalizada na Terra Indígena. Na segunda-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontou que o garimpo ilegal precisa ser combatido na região.

Na semana passada, o governo federal revelou que 99 menores de cinco anos morreram em 2022 na Terra Indígena Yanomami por desnutrição, pneumonia e malária, entre outras causas.

Depois que, durante uma visita, autoridades encontraram vários casos de menores desta etnia com desnutrição grave, infecções respiratórias e outras complicações, o governo federal decretou a emergência sanitária na maior reserva indígena do país.

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Na terça-feira (1º), a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil classificou a tragédia humanitária como “genocídio”. A CNBB pede que os cristãos manifestem “santa indignação” contra as mortes dos indígenas por doenças e falta de alimentação e pede que sejam apontados os responsáveis para que a justiça prevaleça. "(Que) o genocídio dos Yanomamis seja capítulo nunca esquecido na história do Brasil, para que não se repita crime semelhante contra a vida de nossos irmãos.”

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.