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Lula nega envio de munições à Ucrânia e sugere criação de bloco para negociar paz

Presidente brasileiro tratou da guerra entre Rússia e Ucrânia com o chanceler alemão, Olaf Scholz, nesta segunda-feira (30)

Olaf Scholz e Lula discutiram sobre guerra entre Rússia e Ucrânia em reunião bilateral em Brasília

Um dos assuntos discutidos em uma reunião bilateral entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, foi uma solução para o fim da guerra entre Rússia e a Ucrânia.

O governo alemão se posiciona contra a invasão comandada pelo presidente russo, Vladimir Putin, que completa um ano em fevereiro, e cobrou do Brasil o envio de munições para tanques que foram doados pela Alemanha ao Exército ucraniano. Lula condenou a guerra, mas disse que o Brasil não iria enviar munições ao país do Leste Europeu.

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“O Brasil não tem interesse em passar as munições para que elas sejam utilizadas na guerra entre Ucrânia e Rússia. Somos um país de paz. Nosso último contencioso foi a Guerra do Paraguai [cujo fim foi em 1870] e não quer ter qualquer participação, mesmo que indireta”, afirmou.

“Temos que procurar quem é que quer encontrar a paz entre Rússia e Ucrânia. Até agora, a palavra paz é muito pouco utilizada”, disse em uma entrevista coletiva realizada no Palácio do Planalto, após encontros entre os chefes de governo.

Questionado por um jornalista alemão, sobre uma declaração dada à Revista Time em maio do ano passado, de que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky era tão responsável pela guerra quanto Putin, Lula disse que hoje tem mais clareza sobre a “razão da guerra”, afirmou que o russo cometeu um “erro clássico” e disse que “quando um não quer, dois não brigam”.

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“Naquela época, disse uma coisa que ouvi a vida inteira: quando um não quer, dois não briga,. Uns diziam que era por conta da OTAN se instalar na fronteira da Rússia. Hoje, tenho mais clareza da razão da guerra e acho que a Rússia cometeu o erro clássico de invadir o território de outro país, mas continuo achando que quando um não quer, dois não brigam”, repetiu.

Bloco para negociar a paz

Lula disse, ainda, defender a criação de um bloco com outros países para negociarem a paz entre Rússia e Ucrânia e afirmou que a China deveria colocar a “mão na massa”.

“Eu falei com o Macron [presidente da França] em criar outro organismo, da mesma forma que criamos o G20 para resolver a crise de 2008. Queremos um G20 para resolver o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que não interessa a ninguém. Essas coisas acontecem assim: elas começam e, depois, até querem parar, mas não sabem como parar. A China, a Índia e a Indonésia tem um papel importante. Vamos criar um Clube Ecológico e também um clube das pessoas que querem construir a paz no planeta”, afirmou.

O presidente brasileiro disse, ainda, que irá tratar do assunto com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante visita marcada para 10 de fevereiro, no país norte-americano, e que falará com o presidente chinês Xi Jinping em março, quando irá ao país asiático.

Primeiro passo

O chanceler alemão, Olaf Scholz, reiterou a posição de seu país contra a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas disse que o presidente Vladimir Putin deve dar um primeiro passo no sentido de retirar suas tropas do território ucraniano.

“A primeira condição é que a Rússia dê um passo em direção a retirar as tropas. O plano não vai vingar se ele insistir em ficar com o território (...) nessa altura não sabemos como vamos fazer isso porque o presidente russo permanece fiel a esses objetivos. Temos que exercer pressão para que ele abra mão desses objetivos”, afirmou.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.