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Empresário que foi à manifestação na Raja em Porsche diz não ter dinheiro para pagar processo

Homem entrou na Justiça para restabelecer acampamento em frente ao Exército, após operação da Guarda Municipal

Acampamento foi desmobilizado pela Guarda Municipal nesta sexta-feira

O empresário Esdras Jônatas dos Santos, que entrou com um processo na Justiça de Belo Horizonte para que o acampamento de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) possa voltar a funcionar, alegou “pobreza” para não pagar as custas processuais da ação. Uma operação da Guarda Municipal desmontou o acampamento nesta sexta-feira (6).

Conforme a Prefeitura de Belo Horizonte, com base em um registro feito pelo próprio empresário em uma rede social, Esdras foi até a manifestação dirigindo um Porsche e tem uma série de fotos e vídeos em que “ostenta” viagens nacionais e internacionais, jantares em restaurantes famosos e até passeios de jatinho.

No processo, a defesa de Esdras anexa uma declaração do Imposto de Renda em que ele declara rendimentos tributáveis de pouco mais de R$ 3 mil em 2021. A reportagem entrou em contato com o escritório para obter um posicionamento sobre esse assunto, mas ainda não teve resposta.

O homem, figura conhecida entre os manifestantes que acampam em frente à sede da 4ª Região Militar do Exército desde que Bolsonaro foi derrotado no segundo turno das eleições presidenciais, em 30 de outubro, se tornou mais conhecido hoje ao ser flagrado chorando em frente ao quartel durante a operação da Guarda Municipal.

A Prefeitura de Belo Horizonte se manifestou na Justiça sobre a ação impetrada por Esdras. Sobre a declaração de pobreza para o não pagamento das custas processuais, o procurador-municipal Caio Perona ironizou.

“Portanto, possuindo porsches e jatinhos, estranha-se o impetrante ter se autoafirmado “pobre” com o único intuito de se eximir do pagamento das custas judiciais pelo processo que ajuizou. Tendo decidido pelo irresponsável ajuizamento de ação na via inadequada para tentar burlar uma decisão do Supremo Tribunal Federal, o mínimo que se esperava era o pagamento das custas judiciais devidas a todos não hipossuficientes”, diz trecho da ação.

Perona também pediu que a ação seja extinta já que, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, a ação foi realizada com base em uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a “imediata desobstrução de todas as vias e locais públicos em que os atos criminosos e antidemocráticos em todo o país, contrários à democracia, ao estado de direito, às instituições e à proclamação do resultado das eleições gerais de 2022.”

Ainda não há decisão judicial sobre o assunto.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.