Apenas no primeiro semestre de 2022, as denúncias de crimes que envolvem
Brasil lidera envio de ameaças de extorsão e chantagens sexuais Universidades públicas testam urna eletrônica e atestam sua segurança
Os que mais cresceram no intervalo foram os discursos de intolerância religiosa: as 2.813 denúncias representam aumento de 654%. Em seguida vem a
Juliana Cunha, diretora na Safernet, destaca que, em geral, esses conteúdos são encarados como opinião. “Não percebem que é um crime grave que viola a dignidade de pessoas ou grupos, e que, portanto, os autores devem ser responsabilizados”, diz. Ela aponta que o discurso de ódio na internet deve se intensificar com a aproximação das eleições, como ocorreu em 2018 e em 2020. “As eleições funcionam como gatilho”, afirma.
Para Juliana, a moderação deve ser conjunta entre inteligência artificial e análise humana. Isso vai permitir identificar nuances de manifestações nas redes sociais e verificar denúncias de usuários. “Temos uma série de marcos legais, nacionais e internacionais, em relação a esses crimes”, lembra. “Tem a lei antirracismo, que prevê também a xenofobia. Mais recentemente, o próprio STF reconheceu que a LGBTfobia também pode ser tipificada por essa lei”, diz.
Lola Aronovich, professora da Universidade Federal do Ceará (UFCE) e blogueira feminista, recebe ameaças pela internet há mais de 10 anos. Atualmente, ela dá nome a uma lei sancionada em 2018: segundo a norma, a Polícia Federal (PF) é responsável por investigar crimes contra mulheres na internet. “Você receber um e-mail dizendo ‘eu sei que você mora na rua tal, eu sei onde sua filha estuda, onde sua mãe mora’, com todos os endereços corretos, e ‘vou matar e estuprar todas vocês’, assusta muito”, conta.
Ela conta que grupos misóginos fazem isso com muita regularidade e que as mensagens chegam principalmente por e-mail e por comentários em seu blog. “A maioria de forma anônima, o que dificulta a identificação do agressor. Não pode ser aceitável que mulheres em geral sejam perseguidas, ameaçadas, atacadas. E mais: a violência política de gênero contra mulheres eleitas não é aceitável em uma democracia.”
Como denunciar
Denúncias de crimes que envolvem discurso de ódio na internet podem ser feitas diretamente na
É necessário enviar o link da página ou do aplicativo onde ocorreu a infração acompanhada de uma descrição do caso. As queixas são enviadas pela plataforma ao Ministério Público Federal (MPF) e à PF.