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Em entrevista à Itatiaia, Lula fala sobre privatização do metrô e duplicação da BR-381

Candidato à Presidência prometeu que vai concluir a duplicação da ‘rodovia da morte’ e que metrô é ‘problema do estado’

Lula falou que a privatização do metrô de Belo Horizonte é ‘problema do estado’

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (27), em entrevista exclusiva à Itatiaia, que a concessão do metrô de Belo Horizonte é “problema do estado e não um problema federal” e apontou ressalvas à privatização de serviços de transporte.

O petista prometeu ainda que vai concluir as obras de duplicação da BR-381, entre a capital mineira e Governador Valadares, conhecida como “Rodovia da Morte”.

Perguntado se pretende, caso eleito, dar sequência ao projeto de concessão do metrô de BH, que tem leilão marcado para dia 22 de dezembro, Lula disse que quando o estado não pode garantir a prestação de serviços ele faz concessões por determinado tempo, mas que as privatizações podem acabar frustrando a sociedade.

O petista, no entanto, afirmou que a questão do metrô da capital é “problema do estado”.

“Isso é problema do estado, não é problema do governo federal. Eu acho um erro porque a garantia do direito de ir e vir tem que ser assegurada pelo estado, se o estado não tem competência, ele pode fazer uma concessão por determinado tempo. Mas, na hora que o estado simplesmente privatiza, ele não coloca no acordo a responsabilidade daquele que comprou a empresa, ele pode estar frustrando a sociedade com a qualidade do transporte. E o direito de ir e vir é sagrado. As pessoas precisam ter transporte de qualidade”, disse Lula.

Perguntado sobre os empréstimos do BNDES durante as gestões petistas para que outros países, como a Venezuela, fizessem obras de infraestrutura, Lula afirmou que os empréstimos garantem recursos para a indústria nacional.

“Você não pode misturar os empréstimos do BNDES para outros países com as obras do metrô. Porque o empréstimo que você faz, é um empréstimo que algum governo toma e paga. O Brasil exporta engenharia e exporta peças, aí vendemos tratores, caminhões, compram tudo do Brasil. É uma vantagem para nós fazermos isso. Eu poderia estar errado se você fosse de Minas Gerais, tivesse pedido R$ 1 bilhão emprestado e outro país tivesse pedido R$ 1 bilhão emprestado e eu emprestasse para outro país. Mas, se ninguém no Brasil quer porque não pode pagar e alguém lá fora quer, a gente empresta e exporta serviço”, disse.

O ex-presidente afirmou que fez um compromisso com a população da região do Vale do Aço, que visitou na última sexta-feira (23), para fazer as obras de duplicação caso seja eleito.

“Eu assumi o compromisso em Ipatinga que vou terminar a duplicação da BR-381 entre BH e Governador Valadares. Se eu ganhar as eleições vou acabar com a história de Minas Gerais ter uma estrada da morte”, disse Lula.

A obra da 381 está na lista de concessões da governo federal e pode ser leiloada ainda em 2022.

Na semana passada, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) encaminhou o plano de outorga e as minutas do edital da concessão da BR-381 ao Tribunal de Contas da União (TCU). Com o encaminhamento, a Corte avaliará o projeto e toda a documentação, que inclui os estudos de viabilidade técnico-econômica e ambiental. Após passar pelo crivo dos ministros, o processo seguirá o cronograma previsto, que tem como expectativa lançar o edital e realizar o leilão no último trimestre de 2022.

Confira a entrevista completa:

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.