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Suspeito de recrutar brasileiros para o Hezbollah teria tabacaria em Belo Horizonte

De acordo com a PF, Mohamad Khir Abdulmajid está no Brasil desde 2008; sírio foi preso na Operação Trapiche

Mohamad Khir Abdulmajid

O principal investigado por recrutar brasileiros para o grupo terrorista Hezbollah, aliado ao Hamas, é Mohamad Khir Abdulmajid. O sírio, naturalizado brasileiro, foi alvo da Operação Trapiche, deflagrada pela Polícia Federal na última semana. Os agentes descobriram que quatro suspeitos planejavam atacar comunidades judaicas no Brasil. As informações são do Fantástico, da TV Globo.

De acordo com a PF, Mohamad está no país desde 2008. Em 2014, ele foi preso pela primeira vez por vender bebida alcóolica a menores de idade em Minas Gerais. A PF apurou que, atualmente, ele seria dono de duas lojas de tabacaria no Mercado Central de Belo Horizonte, mas a esposa dele é quem gerencia os negócios.

Posicionamento do Mercado Central

O superintentende do Mercado Central, Luiz Carlos Braga, informou à Itatiaia que nenhuma loja do Mercado Central de BH está registrada em nome de Mohamad. Apenas a esposa dele tem uma única loja registrada, no nome dela.

Para entrar no Mercado Central, o comerciante tem que entregar certidões negativas criminais, de débitos, entre outras. A esposa de Mohamad apresentou todas elas e está em situação regular. A loja opera desde 2020.

Ela quase não vai à loja, que é cuidada por um funcionário. Luiz explica, ainda, que a Polícia Federal esteve no Mercado Central na última semana. A referida loja foi aberta e levaram computadores e cigarros eletrônicos, que tem venda proibida no Brasil. O Mercado prestou todas as informações solicitadas e esclareceu a propriedade da loja.

PF acredita que Mohamad é integrante do Hezbollah

Desde 2021, Mohamad é investigado pela Polícia Federal. Inicialmente, a suspeita era de contrabando. Mas com o avanço das apurações, a PF descobriu que o suspeito vendia produtos ilegais para financiar atos terroristas.

De acordo com os documentos da Operação Trapiche, acessados pelo Fantástico, da TV Globo, o delegado da PF diz que Mohammed seria ao menos um simpatizante do Hezbollah, ou, até mesmo, um apoiador e integrante do grupo terrorista. O conteúdo publicado em um perfil nas redes sociais indica que o suspeito lutou na guerra civil da Síria, como integrante Hezbollah (o grupo apoiou militarmente o governo de Bashar Al-Assad).

No documento, a PF diz que pode estar diante de uma operação para recrutar brasileiros para o Hezbollah. “Os indícios de que Mohamad integra o braço paramilitar do grupo libanês Hezbollah e o fato de constar recentes registros migratórios de todos os citados para o Líbano, associado às evidências de falta de condições financeiras e antecedentes criminais dos brasileiros natos, corroboram com a tese de que estamos diante de uma possível fase de recrutamento de brasileiros para atuações ilícitas, inclusive na hipótese de objetivos terroristas”, diz trecho da representação policial da operação.

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Rede de mercenários

Ainda não há indícios de que os suspeitos de planejarem o ataque terrorista no Brasil tenham alguma ligação ideológica ou religiosa com o Hezbollah. Com a operação, a PF acredita que tenha interrompido uma rede de mercenários, chamados de proxy - bandidos que atuam por procuração e dinheiro.

Segundo a PF, a foto de Mohammed foi mostrada para um dos suspeitos presos. Ele disse que o homem se parecia com um dos mensageiros que encontrou no Líbano

ERRATA: Na primeira versão da matéria a Itatiaia afirmou que Mohamad era dono da loja no Mercado Central. Porém, após apuração com o Mercado, a informação foi alterada para a atual forma.

Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.