O anúncio da prisão de duas pessoas,
Mas o que é o Hezbollah? Ele é um grupo terrorista aliado ao Hamas (que controla a Faixa de Gaza e que atacou Israel, em 7 de outubro). O grupo foi criado em 1982, durante a Guerra Civil Libanesa, e é atualmente a maior força militar do país árabe. Mas apesar de atuar no Líbano, o Hezbollah tem o apoio do Irã, de quem recebe financiamento, armamento e treinamento.
O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, afirmou que os israelenses até
Zonshine afirma que apesar de saber da existência de uma célula terrorista no sul do Brasil, a embaixada não sabia que ela estava em atividade por aqui. "(Estar presente no Brasil) é diferente de planejar atentados contra judeus”, disse o diplomata.
O Governo de Israel disse que o Mossad, serviço secreto israelense, ajudou a operação da PF a identificar os terroristas. A Polícia Federal e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino,
Por que o Hezbollah queria atacar o Brasil?
O professor de Direito e Diretor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Minas Gerais, Aziz Saliba, explica que há uma série de motivos para grupo planejar um ataque contra israelenses no exterior, mas é preciso ter cautela ao apontar culpados. “O primeiro ponto a se ressaltar é que ainda não temos todos os fatos ou a versão dos acusados, o que exige cautela. Informações supostamente obtidas por serviços de inteligência podem estar erradas”, afirma.
Saliba elenca três possíveis motivos por trás do ataque planejado em território brasileiro. “Há uma série de razões pelas quais um grupo poderia querer atacar alvos israelenses ou americanos no exterior: (1) a segurança em regra é menor, o que facilita os ataques; (2) ataques no exterior costumam ter um impacto psicológico significativo, trazendo medo para a população alvo dos ataques; (3) a demonstração de alcance global é uma demonstração de força e uma boa propaganda para quem realiza os ataques”, explica.
Qual o interesse do grupo em manter células terroristas no Brasil?
De acordo com o especialista, o Brasil tem uma população significativa tanto de judeus, quanto de libaneses, o que pode estar relacionado à criação de células do Hezbollah no país. “O Brasil tem também cerca de 10 milhões de libaneses e descendentes de libaneses. É quase três vezes a população do Líbano. Dentre estes dez milhões, há libaneses cristãos e muçulmanos, com diferentes posições políticas e visões distintas sobre Israel e Líbano. Certamente, há quem ame e quem deteste o Hezbollah, quem esteja disposto a lutar contra e a favor do Hezbollah”, aponta.
Saliba aponta o tamanho da comunidade judaica no Brasil como um fator importante para que o Hezbollah escolhesse o país para atacá-los. “O Brasil tem a segunda maior comunidade judaica da América Latina. Na região, fica atrás apenas da Argentina”, destaca.
A descoberta dos planos do Hezbollah pode afetar as relações brasileiras com o Líbano e Irã?
Segundo o professor, o Brasil tem relações estáveis com os países da Oriente Médio, incluindo Israel, Líbano e Irã. “Para que algum acontecimento afete as relações do Brasil com estes países, precisaria ser algo muito sério, muito grave e ligado a um desses Estados. Fora isso, o Brasil utilizará os canais diplomáticos para resguardar o interesse de nosso povo e de nosso país e, eventualmente, ter conversas mais duras”, opina.