O Diretor-Geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, revelou à CNN Brasil que a Operação Trapiche, que prendeu duas pessoas suspeitas de planejarem ataques terroristas contra a comunidade judaica, começou em Minas Gerais. Rodrigues não detalhou o que teria levado o órgão a investigar o grupo, mas disse que a operação já acontecia há algum tempo e não contou com a ajuda de Israel.
Na quarta-feira (8), o Governo de Israel disse que o Mossad, o serviço secreto israelense, teria apoiado a operação da Polícia Federal, o que foi negado pelas autoridades brasileiras. Em uma publicação no “X”, antigo Twitter, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que as investigações começaram antes mesmo do início da guerra.
“Apreciamos a cooperação internacional cabível, mas repelimos que qualquer autoridade estrangeira cogite dirigir os órgãos policiais brasileiros, ou usar investigações que nos cabem para fins de propaganda de seus interesses políticos. Quando legalmente oportuno, a Polícia Federal apresentará ao Poder Judiciário do Brasil os resultados da investigação técnica, isenta e com apoio em provas analisadas exclusivamente pelas autoridades brasileiras”, escreveu.
Em entrevista à CNN, o Diretor-Geral da PF, Andrei Rodrigues, criticou a fala do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine. Em entrevista ao jornal O Globo, o diplomata havia dito que o Hezbollah “só escolheu o Brasil poque tem gente que ajuda”.
Rodrigues disse que recebeu a fala do embaixador com indignação e surpresa, e que o diplomata teria tentado politizar um assunto técnico. “Essas declarações sobre a atuação da Polícia Federal são dissociadas da realidade. Feitas por quem quer protagonismo, mas não tem”, disse à CNN.
Em nota, a Polícia Federal repudiou as declarações feitas por autoridades estrangeiras em relação à Operação Trapiche. “Não cabe à PF analisar temas de política externa. Contudo, manifestações dessa natureza violam as boas práticas da cooperação internacional e podem trazer prejuízos a futuras ações nesse sentido. As investigações se consubstanciam em procedimento investigativo que não permite, no momento, tecer afirmações conclusivas”, diz trecho do comunicado.