Uma mesária que trabalhou na votação do Conselho Tutelar, em uma escola do Bairreiro, em Belo Horizonte, denunciou o uso de uma caixa de papelão improvisada como urna, a entrega de alimento de procedência duvidosa e o despreparo dos profissionais durante a eleição que ocorreu nesse domingo (1º).
Ela disse que a falha foi detectada antes de abrir as urnas de votação. “Ficamos sabendo que alguma das máquinas já estavam com problemas antes mesmo de a gente iniciar as votações. Mesmo assim mandaram dar andamento no processo”, contou a mesária, que preferiu não se identificar, à reportagem da Itatiaia.
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) usou a votação manual depois que, no meio da manhã, o sistema começou a apresentar falhas. A capacidade foi ampliada, mas, ainda assim, em algumas sessões, os problemas persistiram. Por esse motivo, a votação de na cédula de papel foi adotada.
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A mesária contou que ela e os colegas receberam a orientação com estranheza. “Desde o início, mesmo quando detectamos os problemas iniciais na parte da manhã, fomos instruídos de que só poderíamos substituir a urna eletrônica pela manual após 60 minutos de ineficácia do sistema, o que não aconteceu na parte da tarde”, disse.
Segundo a denunciante, a substituição ocorreu com apenas 20 minutos. “Disseram que o sistema já havia sido modificado em outras unidades”, relatou.
A mesária ainda contou que tudo isso ocorreu no improviso com o uso de uma caixa de papelão que continha papéis. “Não foi nada programado. A empresa e a coordenação não sabiam como proceder nesse momento”, acrescentou. Por isso, ela colocou em xeque o processo eleitoral. “Não dá para ter garantia de que 100% das unidades realizaram a votação corretamente, já que não houve o treinamento”, disse.
A prefeitura está investigando se o excesso de movimento teria causado problemas no sistema. A capacidade foi ampliada no final da manhã, mas não foi suficiente para solucionar as falhas em todas as sessões.
A Defensoria Pública do Estado recomendou a anulação e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) deve entrar na Justiça. Entre os argumentos está o risco de fraude ou voto duplicado com cédulas de papel. “Achei muito desorganizado, um desrespeito conosco, trabalhadores, com os eleitores”, afirmou a mesária.
Almoço queimado
Ela ainda contou que o descaso maior foi em relação à alimentação dada para os mesários, principalmente, o almoço. “Na maioria das escolas, o almoço foi entregue após às 14 horas e ainda chegou com a carne queimada, com o feijão queimado e com arroz meio passado”, contou.
O aspecto da refeição levantou suspeita sobre a origem do alimento. “Ficamos nos perguntando se o almoço foi realmente feito em um restaurante, em um ambiente com autorização”, acrescentou.
Em resposta à Itatiaia, a PBH disse, por meio de nota, que “por recomendação do Ministério Público, por volta das 14h, o 10º Processo de Escolha dos Conselheiros Tutelares passou a ser feito em cédulas de papel, por isso a ‘substituição’ da máquina pela caixa de papel, utilizada para depositar as cédulas.” Em relação às outras reclamações, a administração disse estar apurando o que pode ter ocorrido.