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Caso Rafaela Drumond: PC conclui perícia do celular da escrivã e inquérito entra na fase final

Advogado afirma que família deve pedir indenização ao Estado ‘para que casos assim não se repitam'; investigação administrativa contra superiores de Rafaela deve começar em breve

Rafaela Drumond tirou a própria vida em junho

A Polícia Civil concluiu a perícia do celular da escrivã Rafaela Drumond, encontrada morta na casa dos pais no início de junho em um distrito de Antônio Carlos, no interior de Minas. A expectativa é que o inquérito criminal seja concluído e encaminhado à Justiça nos próximos dias.

O advogado da família, Hugo Viol Faria, afirmou à Itatiaia que a informação foi repassada pelos delegados que estão envolvidos no caso. Segundo o defensor, o inquérito criminal deve ser despachado até o fim da próxima semana. Depois, deve ter início a investigação administrativa do caso, que vai apurar o envolvimento dos dois policiais que trabalhavam com a escrivã.

O advogado afirmou que a família vai entrar com uma ação para que o Estado indenize os pais de Rafaela Drumond. O defensor afirma que “nenhum dinheiro do mundo vai trazer a vida dela de volta”, mas acredita que uma possível condenação neste sentido pode evitar que essa situação se repita com outros servidores da Polícia Civil.

Relembre o caso

A escrivã Rafaela Drumond, de 31 anos, foi encontrada morta pelos pais no dia 9 de junho, na casa da família em um distrito de Antônio Carlos, no Campo das Vertentes. O caso foi registrado pela Polícia Civil como suicídio.

O Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindep-MG) afirma que a escrivã já havia denunciado assédio moral e sexual no trabalho, além de pressão e sobrecarga. O sindicato realizou um protesto de 6 horas de silêncio no dia 15 de junho.

Em entrevista à Itatiaia, o pai de Rafaela Drummond classificou a morte da filha como “o maior sofrimento que um homem pode sentir” e disse que percebeu que a filha estava mais “ quieta e calada” nos meses anteriores, mas não entendeu isso como um “sinal” de que algo estava errado.

Apesar do caso ter sido registrado como suicídio, conversas e publicações da vítima nas redes sociais levam à suspeita de que ela estaria sofrendo assédio moral e sexual dentro da instituição, o que poderia ter levado ao suicídio. Essa suspeita também é investigada pela Polícia Civil.

Policiais transferidos

O delegado Itamar Cláudio Netto e o investigador Celso Trindade de Andrade, superiores de Rafaela na Delegacia de Carandaí, foram transferidos para Conselheiro Lafaiete menos de 15 dias após a morte da escrivã. No dia 12 de julho, eles foram transferidos novamente: Itamar foi para Belo Vale, enquanto Celso foi para Congonhas.

Cerca de seis dias depois, Celso Trindade de Andrade acabou entrando em licença médica cerca de 60 dias depois. O advogado de Celso já chegou a falar que as gravações que circulam nas redes sociais e que mostram xingamentos à Rafaela trazem sim a voz de Celso, mas que o áudio foi “tirado de contexto”.

Com informações de Fernanda Rodrigues

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.