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Caso Ian: pai teria iniciado agressões contra criança na manhã anterior à morte

Segundo depoimento da madrasta, Ian tinha sido agredido pelo pai porque fez xixi e cocô na cama

Ian morreu no dia 10 de janeiro devido a um traumatismo craniano e com suspeitas de maus-tratos

Em depoimento à Justiça durante audiência de instrução e julgamento nesta terça-feira (9), a madrasta do menino Ian afirmou que o pai da criança também participou das agressões que acabaram levando ele a morte por traumatismo craniano, em janeiro de 2023. Inicialmente, apenas a madrasta havia sido acusada de ter agredido Ian, e o pai foi indicado por omissão de socorro.

A informação foi repassada em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (10) pelo assistente de acusação e advogado da mãe do Ian, Fabrício Cassanjo. A investigação da Polícia Civil já havia concluído que o menino foi agredido pela madrasta, de 34 anos, na casa em que eles moravam, no bairro Jaqueline, região Norte da capital. Entretanto, a mulher negava o crime.

Já o pai do Ian, de 31 anos, não teria socorrido o filho depois que chegou em casa do trabalho, segundo o inquérito. Na audiência, o pai continuou negando a acusação. O casal está preso desde janeiro.

“Foi uma audiência de doze horas de duração, tivemos quinze minutos apenas de intervalo, foram ouvidas 22 testemunhas e, por fim, foram ouvidos réus, e a madrasta trouxe um depoimento que mudou completamente o fluxo do processo. Ela diz que o pai, que até o momento estava sendo considerado omisso e com isso respondendo por dolo eventual, teria participado diretamente da morte do garoto Ian”, relata Cassanjo.

Conforme depoimento da madrasta, Ian tinha sido agredido pelo pai 24h antes de sua morte. A mulher afirma que o pai tinha ficado estressado ao ver que o menino de 1 ano e 4 meses tinha feito xixi e cocô na cama, e por isso pegou violentamente a cabeça do filho e desferiu golpes contra a parede. Depois que o homem foi trabalhar, as agressões teriam continuado, mas por parte da madrasta.

“A violência a essa criança iniciou na manhã anterior, diretamente pelo pai e foram continuadas ao longo do dia também com a participação da madrasta. O pai sai de um agente passivo, que não socorreu a criança, para um agente direto que desferiu golpes que foram cruciais para a morte dessa criança. A madrasta também participou, foram golpes continuados ao longo de todo o dia, ou seja, foi uma tortura, que durou ao longo de todo o dia”, argumenta o advogado.

Casal tentou negociar a culpa na prisão

A Justiça determinou que os estabelecimentos prisionais informem a lista de pessoas que visitaram os acusados, a fim de apurar uma denúncia de comunicação clandestina entre a madrasta e pai do menino Ian. Segundo informações de testemunhas, os dois haviam tentado negociar que apenas um assumisse a culpa do crime, desta forma, quem assumisse a autoria receberia uma quantia em dinheiro.

“Uma das informações é que houve uma proposta de que um deles assumisse a autoria desse crime sozinho a troca de valor financeiro, está relacionado a um intermediário que fez essa proposta e essa negociação. Há uma contraproposta financeira para que ele [pai] assumisse de forma única, mas esse crime foi devidamente comprovado que foram os dois, pai e madrasta, responsáveis pela morte desse garoto Ian”, afirma o advogado da família da mãe da vítima.

Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.