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Operação policial termina com um jovem de 28 anos morto em Ribeirão das Neves

Na versão da polícia, vítima atirou contra militares. Já os familiares disseram que o jovem estava dormindo quando foi atingido por balas

Local onde ocorreu a operação

Uma operação policial terminou com um jovem de 28 anos morto, neste sábado (3), no bairro Justinópolis, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana. A vítima foi Marcos Aurélio Santos Souza.

De um lado, a polícia afirma que ele atirou contra militares. De outro, familiares contestam a declaração da PM e dizem que a vítima estava dormindo quando foi atingida por disparos.

De acordo com a Polícia Militar (PM), o local é conhecido por ser ponto de venda de tráfico de drogas e a operação começou depois que a corporação recebeu uma denúncia anônima.

“Por volta das 8 horas, uma guarnição recebeu uma denúncia anônima falando a respeito do tráfico de drogas na região e informando características de um autor que, possivelmente, estava armado”, explicou a major Layla Brunnela, porta-voz da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).

Ao chegar no local indicado, os militares se deparam com o homem que, segundo a polícia, durante a tentativa de abordagem, fugiu.

“Ele evadiu para o interior da residência e disparou contra a guarnição, que revidou efetuando outros três disparos. Dois deles atingiram o traficante”, explicou a major.

De imediato, segundo a polícia, ele foi socorrido mas morreu no hospital. “Cabe ressaltar que foi apreendido a arma de fogo utilizada pelo infrator com munição deflagrada, um revólver calibre .32. Do local onde ele evadiu, a guarnição encontrou uma sacola com entorpecentes ”, disse.

‘Infelizmente, mais um cotidiano brasileiro’

Familiares e vizinhos contestam essa versão. Eles reconhecem o envolvimento de Marcos com o tráfico de drogas, mas afirmam que ele não estava armado e estava dormindo na hora da operação.

“Infelizmente, mais um cotidiano brasileiro. Mais um jovem faleceu aqui, mais uma vez a injustiça. A gente não consegue mais ter paz. Mais uma vítima da sociedade: o cara não tinha oportunidade de trabalho e esse era o único motivo que ele ficava no crime. E os policiais veem e oprimem a gente. (...) Os policiais pegaram ele dormindo”, disse um amigo que não se identificou.

“Meu amigo faleceu hoje com um tiro de fuzil e um tiro de .45 para vocês. Eles (os policiais) ficaram duas horas com o corpo do meu amigo dentro da viatura. Eles só saíram quando o advogado chegou”, denunciou.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de haver drogas dentro da casa onde Marcos foi morto, ele respondeu: “De forma alguma e eu posso falar isso porque eu morava na casa. Ontem, eu tinha tirado todas as coisas da casa... Ele me pediu para dormir lá porque não tinha onde dormir. As únicas coisas que tinham na casa três cobertas e um travesseiro”, completou.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.