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‘Dor avassaladora e infinita’, diz avó de garoto que morreu após fazer desafio do desodorante

Podóloga diz que a filha, mãe de João Vitor, já estava preocupada com a ‘disputa’ proposta nas redes sociais

Garoto morreu ao inalar desodorante aerossol

‘Meu sentimento é de muita tristeza, uma dor avassaladora e infinita’. A frase é da podóloga Elaine Aparecida da Silva, avó de João Vitor Santos Mapa, de 10 anos, garoto que morreu na noite dessa quinta-feira (25) após fazer o desafio do desodorante, ‘disputa’ que circula em diversos vídeos nas redes sociais.

João Vitor teve uma parada cardíaca ao inalar uma grande quantidade de desodorante aerossol dentro do guarda-roupa, na casa dele, no bairro Pirajá, região Nordeste de Belo Horizonte. Elaine disse que a filha, mãe de João Vitor, já estava preocupada com o desafio e, por isso, passou a esconder os frascos.

“Minha filha já estava escondendo esse desodorante, porque ela já tinha visto esse desafio do desodorante. Então, para não correr risco, ela guardou. Só que no momento de distração dela, que tomou banho, usou e deixou lá, ele entrou no quarto e a primeira coisa que ele viu foi o quê? O desodorante”, contou à Itatiaia.

A avó disse que a ‘disputa’ força o participante a inalar o máximo de aerossol possível. “Esse desafio do desodorante é o desafio que a pessoa espreme a substância e consegue aspirar o máximo dessa substância. Isso que gerou essa fatalidade com o João. Às vezes, pode não ter acontecido com outros, mas com ele levou ao óbito”, lamentou.

Elaine ainda explicou o motivo de o neto ter entrado no guarda-roupa. “Porque o desafio é feito em um lugar fechado, às vezes, com saco plástico na cabeça. Esse desafio está aí para qualquer um ver nas redes sociais, que é um lixo (sic) que só traz essas coisas. Que tristeza! Estou falando o que estou sentindo, o que aconteceu comigo com a dor que eu estou passando por meu neto de ter falecido por causa de um desafio. Meu sentimento é de muita tristeza, uma dor avassaladora, infinita”, descreveu.

Polícia Civil

Por meio nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que deslocou a perícia ao local dos fatos onde foi localizado o corpo. “Não há indícios de violência. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal, onde foi submetido a exames e liberado aos familiares”, disse por meio de nota.

“A causa e as circunstâncias da morte da criança estão sendo investigadas. Mais informações serão repassadas após a finalização dos laudos e a conclusão do inquérito”, finalizou.

O corpo de João Vitor será sepultado às 15h no Cemitério Parque Terra Santa, no bairro Nações Unidas, em Sabará, Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O velório ocorre no mesmo lugar.

Desafio

Imagens que circulam nas redes sociais mostram crianças e adolescentes fazendo desafios com o desodorante. Em um deles, um homem aspira o gás para soprar fogo.

Em março de 2020, uma adolescente de 14 anos foi encontrada morta ao lado de dois frascos de aerossol em Rio Branco, no Acre. A suspeita é que ela fazia o ‘desafio do desodorante’.

Em outubro do mesmo ano, um menino 12 anos morreu em Aracaju, capital de Sergipe, após participar do desafio. O corpo foi encontrado por familiares dentro do banheiro.

Em fevereiro de 2018, uma menina de 7 anos morreu em São Bernardo do Campo, ABC paulista, após inalar desodorante aerossol. Ela também fazia o ‘desafio do desodorante.’

Baleia azul

Outros desafios perigosos já resultaram em tragédia. Em 2017, a Polícia investigou suicídios que podem ter relação com o jogo Baleia Azul.

Criado na Rússia, o jogo macabro deixa pais de adolescentes e de crianças em alerta total. O game mortal funciona em grupos fechados na internet. Após ser aceito, o jogador recebe do seu tutor virtual uma série de desafios a serem cumpridos, sendo que o último deles é tirar a própria vida.

Em maio de 2017, Alexandre Assis Ramos dos Reis, de 16 anos, foi encontrado morto, no Bairro Ribeiro de Abreu, região Nordeste da capital. O adolescente, que se enforcou, teria postado no Facebook que a culpa era do “desafio da Baleia Azul”.

Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.