As aulas nas escolas da rede municipal de Felício dos Santos, no Vale do Jequitinhonha, foram suspensas devido ao diagnóstico de 27 pessoas com escarlatina, doença causada pela bactéria Streptococcus pyogenes. Nessa semana,
Mas, afinal, qual é a diferença entre escarlatina e amigdalite? Qual é a relação entre os casos? Quais são os sintomas e os tratamentos? A reportagem da Itatiaia conversou com o infectologista Estevão Urbano para tirar as principais dúvidas.
Escarlatina é uma doença infecciosa e contagiosa que costuma ocorrer em crianças em idade escolar, durante a primavera. Ela é transmitida pela mesma bactéria que causa amidalite e outras doenças, como, artrite, pneumonia, endocardite, impetigo e erisipela. A transmissão ocorre pelo contato direto com a saliva ou a secreção nasal de pessoas doentes, ou aquelas que têm a bactéria, mas não apresentam sinais da enfermidade.
“Os pacientes que desenvolvem escarlatina são geralmente crianças, embora, possa ocorrer em qualquer faixa etária. Normalmente, acontece após uma infecção de garganta ou uma infecção de pele por uma bactéria chamada Streptococcus pyogenes. A pessoa, inicialmente, apresenta os sintomas da infecção de origem. Por exemplo, no caso da dor de garganta, que é a mais comum, o indivíduo pode ter febre, lacas na garganta, sensação de mal-estar e calafrios”, explicou.
Ele explicou que, depois dois dias, essa bactéria pode liberar toxinas no sangue e, assim, aparecem os sintomas específicos de escarlatina. “Ou seja, o aparecimento de manchas vermelhas por todo o corpo. Inicialmente, pode aparecer mais na barriga, no tronco e, depois, se espalha. Geralmente, poupando a região em volta dos lábios, da palma das mãos e na sola dos pés”, explicou. Outro sintoma característico é a língua em framboesa: “a língua pode ficar bem avermelhada, bem brilhante”, acrescentou.
Confira a lista completa de sintomas
– Início repentino de calafrios e febre alta nos primeiros dias, que vai baixando aos poucos nos dias seguintes até desaparecer;
– Dor de garganta intensa;
– Pequenas manchas na pele de cor vermelho-escarlate, ásperas, que aparecem inicialmente no tronco, depois tomam a face, o pescoço, os membros, axilas e virilha, mas poupam as palmas das mãos, as plantas dos pés e ao redor da boca. Nas dobras de pele, como cotovelos, punhos, axilas e joelhos, as manchas podem ser mais escuras e descamam com o decorrer da doença;
– Na língua surgem caroços avermelhados recobertos com uma película parecida com um plástico branco amarelado. Essa película posteriormente se desfaz e a pele adquire o aspecto de framboesa, porque as papilas incham e ficam arroxeadas;
– Mal-estar;
– Falta de apetite;
– Aumento dos gânglios do pescoço;
– Dor no corpo, de barriga e de cabeça;
– Náuseas e vômitos.
Como fazer o diagnóstico
Estevão explica que o diagnóstico é clínico. No entanto, para confirmar a presença da bactéria no organismo, o médico também solicita exames laboratoriais.
“Na maior parte das vezes, a história do paciente já faz o médico suspeitar da infecção e iniciar o antibiótico. De qualquer forma, o antibiótico específico, depende do isolamento da bactéria. Então, para isso, existe o teste rápido, que detecta antígenos das bactérias por meio de um exame de garganta ou a partir de uma lesão na pele. Esse pode ficar pronto em algumas horas ou até mesmo em minutos. Também há o exame de cultura, que demora de dois a três dias para ficar pronta”, explicou.
E qual é a diferença entre escarlatina e amigdalite?
O especialista explicou que a amigdalite pode ser causada pela Streptococcus pyogenes, por outras bactérias e até mesmo por vírus. “Em alguns casos de amigdalite, toxinas caem na circulação e inflamam. Por isso, causam a vermelhidão na pele. Essa vermelhidão provoca manchas que chamamos de escarlatina. Mas tudo isso é consequência, geralmente, de uma amigdalite. A amigdalite pode evoluir para a escarlatina. Mas, a maioria não evolui”, explicou.
Tratamento
O tratamento é feito com antibióticos receitados por médico. Medicamentos para dor e febre são úteis para aliviar os sintomas. “O tratamento é feito com antibióticos e sendo feito corretamente em dois a cinco dias essas lesões cutâneas vão desaparecendo”, acrescentou.
Devo me preocupar?
Conforme o especialista, a maioria das pessoas com uma infecção de garganta provocada pela bactéria não desenvolve escarlatina. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 10% das pessoas são sensíveis às toxinas liberadas por ela e podem desenvolver a doença — que provoca pequenas manchas vermelhas que se misturam na pele.
Quando há administração do medicamento, não há transmissão depois de 24 horas, e a evolução na maioria dos casos é sem complicações. “Quando o indivíduo não recebe o antibiótico correto, uma minoria deles, pode evoluir com complicações mais severas com pneumonia, meningites e risco de evolução desfavorável”, disse Urbano.
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