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Em crise, 123milhas diz à Justiça que faturou R$ 17 milhões em setembro

Agência de viagens alega que empresa deve seguir funcionando para a ‘manutenção de empregos’, mas é alvo de denúncias de demissão em massa desde setembro

123milhas enfrenta crise histórica, para a empresa e para o país

Enfrentando uma crise histórica para a empresa e para o próprio país, a 123milhas disse à Justiça que permanece atuante no mercado e, como exemplo disso, afirmou ter faturado R$ 17 milhões apenas na primeira quinzena de setembro. A afirmação consta em um recurso apresentado ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) no fim de setembro, o qual a Itatiaia teve acesso.

No recurso, que acabou sendo negado pela Justiça, os advogados da empresa afirmam que a agência de viagens “permanece a atuar no mercado de forma a possibilitar a reestruturação e retomada dos agentes econômicos”. Na sequência, os defensores dizem que, nos primeiros 15 dias de setembro, o “Grupo 123milhas” faturou mais de R$ 17 milhões, sem detalhar o valor exato nem quais empresas seriam responsáveis por esse resultado.

“Não existem motivos para que fique sobrestada (suspensa) a Recuperação Judicial de origem, da qual inegavelmente depende a sobrevivência das Recuperandas (empresas), bem como a manutenção dos empregos por ela gerados e de suas Atividades”, afirmam os advogados.

O site da 123milhas segue ativo, assim como o da MaxMilhas e da HotMilhas, empresas do mesmo grupo. Apesar dos advogados citarem que a continuidade da atividade da empresa ajuda a manter os empregos dos funcionários, a Itatiaia já noticiou demissões em massa na 123milhas e na MaxMilhas, pouco depois da repercussão da crise nas empresas. Segundo a apuração da reportagem, a redução da equipe chegaria a 80%.

Recuperação judicial da 123milhas é suspensa

A Justiça de Minas Gerais suspendeu provisoriamente o pedido de recuperação judicial da 123milhas no dia 19 de setembro, após um recurso apresentado pelo Banco do Brasil, que é o maior credor da empresa. O banco argumentou que os documentos apresentados pela agência de viagens não observaram prescrições legais.

O desembargador Alexandre Victor de Carvalho, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), suspendeu provisoriamente o pedido de recuperação judicial até que a 123milhas passe por constatação prévia, processo em que o funcionamento e os documentos da empresa são avaliados. As cobranças de credores seguem suspensas, já que o período de blindagem foi mantido na decisão.

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No recurso, o Banco do Brasil também pedia a destituição dos administradores judiciais, ou seja, os dois escritórios de advocacia responsáveis pelo processo de recuperação judicial da 123milhas. O pedido foi negado neste momento e, segundo o magistrado, só deve ser avaliado após o resultado da constatação prévia. O Ministério Público mineiro já havia questionado a escolha de um dos advogados, que teria atuado anteriormente como assessor de um advogado da agência de viagens. O pagamento dos dois escritórios foi temporariamente suspenso pela Justiça.

Crise na 123milhas

A agência de viagens 123milhas surpreendeu milhares de clientes no dia 18 de agosto, após anunciar o cancelamento de pacotes de viagens promocionais, que atraíam muitas pessoas pelo preço baixo. A decisão revoltou clientes e fez a empresa pular rapidamente para o 1º lugar no ranking de empresas mais “denunciadas” do portal ReclameAQUI.

No dia 29 de agosto, a 123milhas um pedido de recuperação judicial na 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, em Minas Gerais. No pedido, a empresa afirma que enfrenta a “pior crise financeira de sua história” e alega que “fatores internos e externos impuseram um aumento considerável de seus passivos nos últimos anos”. O pedido foi aceito pela Justiça no dia 31 de agosto. Confira os detalhes do pedido.

Advogados ouvidos pela Itatiaia afirmam que a empresa não pode oferecer apenas vouchers como forma de reembolso para os clientes e explicam que os consumidores têm o direito ao ressarcimento em dinheiro. Veja quais são os seus direitos.

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.