Para encerrar o bloqueio de rodovias promovido por caminhoneiros em ao menos dez Estados do Brasil, em protesto pela eleição de Lula, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou nesta segunda-feira (31) que acionou a Advocacia Geral da União (AGU) para tomar medidas judiciais.
Desde domingo (30), caminhões bloqueiam estradas em protesto contra a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu 60,3 milhões de votos (50,90%) no segundo turno das eleições.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirma já acionou a Advocacia-Geral da União (AGU), que representa órgãos do governo em ações judiciais, para pedir a liberação das vias bloqueadas à Justiça Federal. Embora a PRF afirme que ‘adotou todas as providências para o retorno da normalidade do fluxo’, ainda há bloqueios em diversas localidades. Em documento oficial, a corporação afirma que o objetivo é “garantir pacificamente a manutenção da fluidez nas rodovias federais brasileiras”.
Segundo a PRF, foram adotadas “todas providências para o retorno da normalidade do fluxo”. Isso incluiu direcionar equipes aos locais e iniciar a negociação “para liberação das rodovias priorizando o diálogo, para garantir, além do trânsito livre e seguro, o direito de manifestação dos cidadãos, como aconteceu em outros protestos”.
A entidade destaca que tem equipes “nos pontos de bloqueio e permanece trabalhando pelo fluxo livre nas rodovias federais, visibilizando-se o escoamento da produção, assim como o direito de ir e vir dos cidadãos, além de seguir monitorando de perto os locais com alta probabilidade de interdição”.
Líder dos caminhoneiros, Wallace Landim, o Chorão - que não participa dos bloqueios - reconhece a vitória de Lula nas urnas e pede o fim da paralisação. “Pessoal, não é o momento de parar esse país (...). Vamos ter responsabilidade e lutar sempre. Mas pelo nosso segmento, pelo nosso país. Então, vamos aceitar. Isso é a democracia”, diz em vídeo.
Nereu Crispim (PSD-RS), deputado federal que representa a categoria, informa que não existe manifestação organizada. “A categoria reconhece o resultado das eleições (...) que é fruto da democracia, que inclusive essa categoria defendeu em 7 de setembro de 2021 quando as instituições e o Estado de direito foram severamente atacados.”
Entenda o caso
Já na madrugada desta segunda-feira (31), a Via Dutra foi fechada em um ponto em Barra Mansa, no interior do Rio de Janeiro. A estrada é a principal ligação rodoviária entre os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Pela manhã, a maioria dos bloqueios era total, sem que qualquer veículo fosse liberado para passar.
Houve registros de ataques a carros de passeio, com ameaças a motoristas e vidros quebrados. Ainda não há detalhes sobre o que motivou as agressões nem se a polícia chegou a intervir em algum dos casos.
Em Minas Gerais, houve interdição em Manhuaçu (no entroncamento entre a BR116, no Km 590, com a BR262, no Km 50). Havia congestionamento no local, mas a PRF informou que veículos de passeio, ambulâncias, ônibus e cargas passavam normalmente.
Na altura do Km 702 da BR-116, em Muriaé, a passagem era permitida a automóveis, ônibus e ambulâncias. Outros protestos afetaram estradas nos Estados de Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
Em vídeos revisados pelo UOL, um dos supostos líderes da manifestação diz que os caminhoneiros só sairão das ruas quando o Exército tomar o poder. “[São] 72 horas para o Exército tomar conta. (...) travou, não libera nada. Não tem político nenhum que vai chegar perto de nós e dizer: ‘vocês não podem pedir intervenção militar ou qualquer coisa’. Nós só saímos das ruas na hora em que o Exército tomar o país”, ameaça.
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que ameaçou Luan Araújo com uma arma nos Jardins, em São Paulo, no sábado (29), incentivou os manifestantes em publicação no Twitter.