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O que é ‘Superquarta’ e por que ela importa?

Reuniões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil serão acompanhadas de perto pelos investidores

Reunião do Copom no Banco Central deve manter a Selic em 15%

O mercado financeiro terá um dia importante nesta quarta-feira (17) com o iminente corte de juros nos Estados Unidos, e a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central brasileiro (Copom-BC). Devido ao impacto na economia, a data tem sido chamada popularmente de “Superquarta”.

A nomenclatura é usada sempre no dia em que o resultado da reunião do Copom no Brasil coincide com a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), do Federal Reserve, nos Estados Unidos. Em 2025, as agendas das autoridades monetárias coincidiram em todas as reuniões - a próxima Superquarta está marcada para o dia 10 de dezembro.

A única exceção da penúltima data do calendário monetário, que ocorre entre os dias 28 e 29 de outubro nos EUA e 4 e 5 de novembro no Brasil. O BC e o Fed realizam oito encontros regulares por ano para analisar as condições econômicas e financeiras. O peso das decisões para as expectativas macroeconômicas causam efeitos imediatos nas ações e outros ativos nas bolsas.

No Brasil, o dólar está em trajetória de queda desde a última quarta-feira (10), com investidores precificando o corte 0,25 ponto percentual na taxa de juros americana. Atualmente, a taxa está prevista entre 4,25% e 4,50%. Nesta terça-feira (16), a moeda fechou o pregão em R$ 5,29, o menor patamar dos últimos 15 meses.

O economista e sócio da iHUB Investimentos, Lucas Sharau, destaca que essas reuniões são importantes para os rumos econômicos. “Elas definem as políticas monetárias das duas nações no mesmo dia. Essa definição ocorre em relação a taxa de juros, quantidade de dinheiro em circulação e demais atividades que eles têm como ferramenta para controlar, principalmente, a inflação. É o que mais importa para a população”, disse.

Se o corte nos EUA é praticamente certo, no Brasil o Copom deve manter a Selic em 15% ao ano. É possível alguma sinalização do Banco Central para um corte futuro, mas o objetivo da autoridade monetária no momento é levar a inflação, atualmente em 5,13%, de volta para o centro da meta de 3%.

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Porém, o movimento nos Estados Unidos aquece os investimentos no Brasil. O Ibovespa, índice que reúne as principais empresas listadas na bolsa brasileira, renovou seu recorde com 144.061 pontos (+0,36%) na véspera da Superquarta.

Para a economista Bruna Centeno, da Blue3 Investimentos, a valorização da bolsa e a queda do dólar mostra uma rotação no investidor americano, que ao apostar no corte, busca uma taxa de juros mais elevada em outros países. “O cenário pressiona os juros pagos pelos títulos públicos americanos, e isso deixa a renda fixa lá fora menos atraente no carrego, e isso acaba favorecendo esse movimento”, destacou.

Com a Selic em 15%, os investidores estrangeiros preferem tomar empréstimos em economias com taxas mais baixas, e guardar essa quantia em dólares no Brasil, valorizando o real.

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.