Mineração mais eficiente: tecnologias que reduzem emissões e ampliam o aproveitamento

Inovações em processos a seco, automação e novas rotas de processamento ajudam a mineração a alinhar produtividade e sustentabilidade

Sistemas modernos de filtragem e desaguamento reduzem o uso de barragens na mineração

A busca por metas ambientais mais rigorosas tem redefinido o desenvolvimento tecnológico no beneficiamento mineral. Hoje, a viabilidade técnico-econômica já não é o único critério para a adoção de novas soluções.

Segundo Luan do Nascimento de Moura, pesquisador e coordenador do Laboratório de Caracterização Mineralógica do CIT Senai, em Belo Horizonte, indicadores como emissões de CO₂, consumo de água e eficiência energética passaram a ter peso decisivo nas decisões da indústria.

Para Luan, a inovação no setor está diretamente ligada à sustentabilidade. “A viabilidade técnico-econômica deixou de ser o único critério para o desenvolvimento de novas tecnologias”, afirma à Itatiaia.

Nesse cenário, ganham espaço soluções voltadas à redução do consumo de água, à diminuição das emissões em processos térmicos, ao uso de fontes renováveis de energia e à aplicação de reagentes com menor impacto ambiental.

Menos água, mais segurança e melhor aproveitamento

Os avanços nos sistemas de filtragem e desaguamento vêm transformando a gestão de rejeitos na mineração. De acordo com o pesquisador, o endurecimento das normas brasileiras após desastres ambientais impulsionou a adoção dessas tecnologias, que permitem a disposição de rejeitos em pilhas secas ou semissecas, reduzindo ou até eliminando a necessidade de barragens.

Além de aumentar a segurança operacional, essas soluções contribuem para a redução do consumo de água e viabilizam maior reaproveitamento hídrico nas operações unitárias.

Os processos a seco seguem a mesma lógica ao minimizar o uso de água e simplificar a gestão ambiental. Segundo Luan, essas rotas também podem incluir etapas de pré-concentração, nas quais apenas o material com maior potencial econômico segue no processo, elevando a eficiência global e reduzindo o consumo energético.

Automação e novas rotas para minérios de baixo teor

A automação e a digitalização têm papel central na redução de desperdícios e emissões nas plantas de beneficiamento. O controle em tempo real das operações permite ajustes rápidos nos parâmetros do processo, na logística e na manutenção, o que reduz perdas, consumo excessivo de insumos e paradas não programadas.

Outro desafio estrutural do setor é o aproveitamento de minérios de baixo teor. Luan explica que esses materiais apresentam maior complexidade química e morfológica, o que dificulta sua concentração por métodos convencionais.

Nesse contexto, o desenvolvimento de novas rotas de processamento, muitas vezes químicas ou híbridas, aliado ao uso de reagentes mais seletivos, tem tornado possível alcançar teores comercialmente viáveis com menor consumo energético.

Segundo o pesquisador, esses avanços precisam estar alinhados às perspectivas de sustentabilidade ambiental e econômica, garantindo maior eficiência operacional e menor impacto ambiental ao longo de toda a cadeia do beneficiamento mineral.

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Erem Carla é jornalista com formação na Faculdade Dois de Julho, em Salvador. Ao longo da carreira, acumulou passagens por portais como Terra, Yahoo e Estadão. Tem experiência em coberturas de grandes eventos e passagens por diversas editorias, como entretenimento, saúde e política. Também trabalhou com assessoria de imprensa parlamentar e de órgãos de saúde e Justiça. *Na Itatiaia, colabora com a editoria de Indústria.

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