Indústria mineira registra alta na produção, mas mantém cautela para início de 2026

Black Friday impulsiona atividade, mas emprego, capacidade instalada e expectativas seguem abaixo do ideal

Indicadores mostram aquecimento pontual no fim do ano e incerteza sobre recuperação no próximo semestre

A produção industrial em Minas Gerais avançou em outubro, interrompendo a estabilidade verificada em setembro. De acordo com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), o índice de evolução da produção alcançou 52,2 pontos, resultado influenciado pelo período típico de maior atividade gerado pela Black Friday e pelas encomendas de fim de ano. O indicador ficou 2,1 pontos acima do mês anterior, mas ainda inferior ao observado em outubro de 2024, quando marcou 54,3 pontos.

Apesar do aumento na produção, o emprego industrial seguiu em queda. O índice que mede a evolução do número de empregados registrou 48,2 pontos, praticamente estável em relação a setembro e 2,4 pontos abaixo do nível observado um ano antes. Já a utilização da capacidade instalada atingiu 44,8 pontos, mostrando que as empresas continuam operando abaixo do usual para o mês, mesmo com leve alta em comparação ao período anterior.

Os resultados integram a Sondagem Industrial de Minas Gerais, pesquisa mensal da FIEMG em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento acompanha indicadores de atividade, situação financeira, estoques, principais dificuldades enfrentadas pelo setor e expectativas sobre demanda, compras de matérias-primas, emprego e investimentos. Segundo a sondagem, o fim de ano apresenta atividade aquecida, mas acompanhada de maior prudência diante do cenário de 2026.

Estoques recuam pelo terceiro mês seguido

Os estoques de produtos finais voltaram a cair em outubro. O indicador marcou 49,7 pontos, confirmando a terceira redução consecutiva. O nível de estoque frente ao planejado ficou em 47,9 pontos, reforçando que a demanda superou as expectativas das empresas e deixou os estoques abaixo do esperado pelos industriais.

Expectativas recuam e indicam preocupação para os próximos meses

As projeções para o início de 2026 são de maior cautela. O índice de expectativa de demanda ficou em 48,4 pontos em novembro, sinalizando perspectiva de retração — o menor valor para o mês em dez anos. A expectativa de compra de matérias-primas também apontou queda, ao marcar 48,8 pontos, enquanto o índice de expectativa de emprego atingiu 47,8 pontos, menor nível em nove anos.

A intenção de investimento permaneceu em 55,6 pontos, repetindo o resultado de outubro. Apesar da estabilidade, o indicador está 3,1 pontos abaixo do registrado no ano anterior. O comportamento reforça o ambiente de incerteza e a menor disposição das empresas para expandir operações.

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Erem Carla é jornalista com formação na Faculdade Dois de Julho, em Salvador. Ao longo da carreira, acumulou passagens por portais como Terra, Yahoo e Estadão. Tem experiência em coberturas de grandes eventos e passagens por diversas editorias, como entretenimento, saúde e política. Também trabalhou com assessoria de imprensa parlamentar e de órgãos de saúde e Justiça. *Na Itatiaia, colabora com a editoria de Indústria.

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