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Questões domésticas, como a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro no fim de semana, ficaram em segundo plano. O foco dos investidores segue nos Estados Unidos, especialmente nas apostas de cortes de juros em dezembro, após declarações mais moderadas de dirigentes do Federal Reserve (Fed) nos últimos dias.
Com mínima a R$ 5,3792, o dólar à vista fechou em queda de 0,12%, a R$ 5,3950. No mês, acumula leve alta de 0,27%, depois de avançar 1,08% em outubro. No ano, as perdas somam 12,71%.
Segundo Alexandre Viotto, head de banking da EQI Investimentos, a alta da divisa para mais de R$ 5,40 na sexta-feira foi influenciada pela valorização do dólar no exterior, após dados mistos do payroll de setembro. “Depois desse movimento mais forte, o mercado está mais de lado. Há um compasso de espera pelos indicadores americanos que serão divulgados nos próximos dias. Parte do mercado aposta que o Fed só voltará a cortar os juros em janeiro”, afirma.
Investidores aguardam dados represados durante o shutdown histórico de 43 dias nos EUA. Na terça-feira, serão divulgados o índice de Preços ao Produtor (PPI) e as vendas no varejo referentes a setembro. Pela manhã, o diretor do Fed Christopher Waller defendeu corte de juros em dezembro, citando preocupações com o mercado de trabalho.
No exterior, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes, operou estável, acima dos 100 pontos. O iene caiu cerca de 0,20%, devolvendo parte da alta de mais de 0,60% registrada na sexta-feira, após sinais de possível intervenção do governo japonês no câmbio. Investidores também avaliam o impacto do pacote fiscal da primeira-ministra Sanae Takaichi sobre atividade e inflação no Japão.
No Brasil, o mercado de câmbio acompanha os efeitos fiscais da chamada “pauta-bomba” no Senado, relacionada à aposentadoria especial de Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias. Além disso, há fluxo de remessas ao exterior típico para esta época do ano. Viotto afirma que, até o momento, não há sinais de corrida para retirada de recursos, como ocorreu em 2025, e projeta dólar a R$ 5,50 até o fim do ano, considerando a sazonalidade negativa.
O Banco Central contribuiu para a liquidez do mercado ao vender US$ 2 bilhões em leilão de linha com compromisso de recompra, para rolar vencimento de 5 de janeiro de 2026. A expectativa é que o BC continue irrigando o mercado de câmbio até o fim do ano, com novas rolagens e possíveis ofertas de linhas adicionais.
* Informações com Estadão