Diagnóstico, planejamento e execução: como implantar a prática de esportes na empresa

Apenas 19% das empresas brasileiras oferecem instalações para ginástica ou incentivos financeiros, mas há consenso sobre impacto na produtividade; Leonardo Saraiva, analista de Lazer e Esportes do Sesi, e Alex Silvério, coordenador da área, explicam os primeiros passos para investir na saúde através do esporte

Integrar o esporte à cultura organizacional significa reconhecer publicamente sua importância

Criar um programa corporativo de esporte do zero requer planejamento estratégico alinhado aos objetivos institucionais e às necessidades dos colaboradores. Leonardo Saraiva de Souza, analista de Lazer e Esportes do Sesi, e Alex Silvério da Silva, coordenador da mesma área, explicam que os primeiros passos envolvem diagnóstico do perfil e interesse dos empregados, definição de metas e indicadores de impacto (saúde, engajamento e produtividade) e escolha de modalidades adequadas ao público-alvo.

Por que começar agora?

A Pesquisa CNI Saúde & Trabalho, realizada em março de 2023, revela dados preocupantes: 39% dos brasileiros nunca praticam atividades físicas e outros 13% o fazem apenas raramente. A conexão entre atividade física e saúde é clara: apenas 28% dos que praticam exercícios com frequência relataram problemas de saúde nos últimos 12 meses, contra 42% entre aqueles que nunca praticam. Além disso, 40% dos trabalhadores perderam pelo menos um dia de trabalho por motivos de saúde nos últimos 12 meses.

Os trabalhadores reconhecem a importância: 82% concordam totalmente que um profissional com saúde física em dia é mais produtivo, e 86% acreditam na relação entre saúde mental e produtividade.

Elementos essenciais

Conforme enfatizam os especialistas do Sesi, o apoio da liderança é elemento essencial para o sucesso de qualquer programa esportivo corporativo. Quando os gestores participam das atividades, demonstram valorização da saúde e incentivam suas equipes, a taxa de adesão tende a ser significativamente maior.

O envolvimento do RH é crucial para a estruturação, comunicação e monitoramento do programa. Essa área deve trabalhar na identificação de parceiros (academias, personal trainers, nutricionistas), na organização de horários compatíveis com as jornadas de trabalho e na criação de campanhas internas de mobilização.

A participação da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) também é fundamental, especialmente para garantir que as atividades sejam seguras e adequadas às condições de saúde dos participantes. A CIPA pode contribuir com a elaboração de avaliações médicas prévias, acompanhamento de riscos e adaptação de atividades para colaboradores com restrições físicas.

A escolha das modalidades esportivas a serem oferecidas é outro ponto importante. Ela deve considerar o perfil identificado no diagnóstico inicial. Não existe uma fórmula única: o que funciona em uma empresa industrial pode não ser adequado para um escritório de serviços, assim como as preferências de uma equipe jovem podem diferir daquelas de trabalhadores mais experientes.

Modalidades coletivas, como futebol, vôlei e basquete, tendem a favorecer a integração entre equipes e o desenvolvimento de habilidades de trabalho em grupo. Já atividades individuais, como musculação, corrida e yoga, oferecem maior flexibilidade de horários e permitem que cada colaborador progrida em seu próprio ritmo.

Realidade das empresas brasileiras

Apenas 19% dos trabalhadores formais afirmam que suas empresas disponibilizam instalações para fazer ginástica ou oferecem incentivos financeiros. Outros programas também apresentam índices insuficientes: 38% das empresas adotam programas de saúde e bem-estar, 31% oferecem apoio psicológico, e 51% permitem pausas e flexibilidade para prática de exercícios.

Embora instalações completas sejam desejáveis, não são obrigatórias para iniciar um programa de esporte corporativo. As empresas podem começar com ações simples, como parcerias com academias próximas, contratação de profissionais para aulas na própria empresa (mesmo sem espaço dedicado) ou incentivos financeiros para que os colaboradores pratiquem atividades por conta própria.

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Sustentabilidade do programa

Uma vez implementado o programa, é fundamental garantir sua sustentabilidade ao longo do tempo. Isso requer avaliações periódicas, ajustes com base no feedback dos participantes, renovação das atividades oferecidas e investimento contínuo em infraestrutura e profissionais qualificados.

O caminho sugerido pelos especialistas do Sesi oferece um roteiro claro para empresas que desejam implementar programas esportivos: diagnóstico, planejamento estratégico, definição de metas, escolha adequada de modalidades e engajamento da liderança. Os benefícios para colaboradores e organizações são evidentes e mensuráveis.

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Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.

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