Bolsa volta a cair com ‘superquarta’ e repercussões eleitorais; dólar sobe

Mercado opera na expectativa pela decisão dos juros nos Estados Unidos e no Brasil, enquanto ainda repercute a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro

Bolsa caiu 0,13% aos 157.981,13 pontos, após uma segunda-feira de alta

A bolsa brasileira voltou a ter um dia de queda nesta terça-feira (9), após abrir a semana em alta, com o mercado na espera pela decisão de juros nos Estados Unidos e no Brasil na chamada “superquarta”, e repercutindo a candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República. O Índice Bovespa (Ibovespa), principal índice do mercado acionário brasileiro, caiu 0,13% aos 157.981,13 pontos.

O dólar fechou o pregão com uma alta de 0,3%, cotado em R$ 5,43. O dólar index (DXY), que mede a força da moeda americana frente às principais divisas do mercado global subiu 0,13%, aos 99,213 pontos.

Na parte do Banco Central brasileiro, é quase certo que a Selic deve ser mantida em 15% ao ano, uma vez que é a estratégia adotada pela autoridade monetária para conter a alta da inflação. Atualmente o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo está acumulado em 4,68%, acima da meta de 3%.

Segundo o gestor de renda fixa do Inter Asset, a expectativa é de que o comunicado do Copom reconheça os avanços no combate à inflação, mas tratá-los como “dentro do esperado”, de acordo com o alto grau do aperto monetário. O especialista avalia que as declarações dos diretores do BC seguem transmitindo cautela e não sinalizam um corte de juros.

“A queda das expectativas de inflação do Focus (pesquisa com economistas do mercado), especialmente nos prazos mais longos, é positiva, mas indica apenas uma reancoragem parcial. Assim, o BC deve manter no comunicado a estratégia de juros elevados por um período prolongado”, disse.

No lado americano, o Federal Reserve deve realizar uma redução de 0,25 ponto percentual em continuidade com o ciclo de cortes iniciado em setembro, mas em um cenário mais incerto que o brasileiro. Com a decisão, a autoridade monetária deve levar o intervalo dos juros para entre 3,5% e 3,75%. Os diretores seguem observando os sinais do mercado de trabalho frente a uma inflação acumulada de 2,8%.

Nesta terça-feira foi divulgada a pesquisa Jolts, mostrando um aumento modesto nas vagas de outubro em 7,6 milhões, acima da expectativa de 7,1 milhões, enquanto as contratações ainda permaneceram fracas. Segundo o analista de inteligência de mercado da StoneX, Leonel Mattos, os dados indicam um cenário benigno.

“O dado sugere que a demanda por trabalho segue resiliente, reduzindo a percepção de urgência para cortes de juros pelo Federal Reserve, o que favoreceu a valorização do dólar frente ao real na sessão”, explicou.

Flávio Bolsonaro diz que candidatura é “irreversível”

O mercado também demonstrou pessimismo com a entrevista do senador Flávio Bolsonaro para a Folha D. São Paulo, onde ele reafirmou a candidatura. O parlamentar, filho 01 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), havia afirmado no domingo (7) que tinha um preço para desistir da disputa eleitoral.

Agora, ele afirma que sua candidatura é “irreversível”. “Minha candidatura não está à venda. A condição para isso é o presidente Bolsonaro livre e nas urnas. A única possibilidade de o Flávio Bolsonaro não ser candidato, é o candidato ser o Jair Messias Bolsonaro. Não tenho preço”, afirmou.

Segundo o especialista em renda variável do banco Inter, Matheus Amaral, os investidores operavam na expectativa de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fosse o candidato. Tarcísio é visto pelo mercado como um nome mais moderado e alinhado à centro-direita, com histórico de privatizações e previsibilidade fiscal.

“Com a mudança no cenário, esse trade perde tração: ainda há pouca visibilidade sobre a força eleitoral de Flávio Bolsonaro e sua capacidade de competir com Lula, o que aumenta a incerteza no curto prazo”, disse o especialista.

Leia também

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

Ouvindo...