Após reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin nesta quinta-feira (24), o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, defendeu que o governo brasileiro adote com urgência medidas de defesa comercial para conter os
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A principal aposta de Roscoe é a aplicação de medidas antidumping, previstas pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). O dumping ocorre quando um país ou empresa exporta produtos por preços abaixo do custo de produção, prática considerada desleal porque prejudica a concorrência no país importador. “O aço, por exemplo, visivelmente vem sendo importado abaixo do preço e custo”, alertou Roscoe, defendendo a imposição de sobretaxas como contramedida legítima. Segundo ele, setores como o têxtil também estão sendo impactados.
Roscoe também sugeriu que o governo incentive o consumo interno como forma de realocar parte da produção brasileira que pode ficar sem destino internacional com a nova tarifa. “É mais rápido você agir em cima do mercado brasileiro do que tomar mercado lá fora. O que efetivamente vai resolver o problema é encontrar mercado para os produtos que sairiam deslocados do mercado americano”, explicou.
Crítica ao BRICS
O presidente da Fiemg também fez uma leitura geopolítica da crise, sugerindo que o Brasil avalie com mais pragmatismo sua atuação nos blocos multilaterais, especialmente os BRICS. “Alguns países já adotaram um tom mais brando, como China e Índia. Talvez esse seja um caminho mais relevante na discussão com os Estados Unidos”, disse, ao reforçar que o conflito comercial tem raízes muito além da economia.
Apesar das críticas direcionadas ao governo brasileiro, Roscoe elogiou a postura do vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Segundo ele, Alckmin está empenhado em buscar uma solução diplomática e tenta, pelo menos, adiar a entrada em vigor da tarifa, além de negociar sua revogação. “O governo está trabalhando com dois caminhos: tentar adiar a medida e, paralelamente, tentar derrubar a tarifa. O adiamento tem lógica econômica dos dois lados, porque muitos produtos já estão em trânsito para os EUA”, destacou Roscoe.
A Fiemg estima que o impacto será “devastador” para as empresas brasileiras mais competitivas, especialmente de Minas Gerais, terceiro maior exportador do país para os EUA. Segundo Roscoe, boa parte das companhias que vendem para o mercado americano têm nele mais de 50% de sua produção concentrada.