A procura por financiamento no Brasil registrou uma queda de 2% em abril na comparação com março, após já ter recuado 3,9% no mês anterior. Os dados são do Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC), que mede mensalmente o número de solicitações de financiamentos em diversos segmentos como varejo e instituições financeiras. Em contraste, na comparação com abril de 2024, o indicador apresentou um crescimento de 2,6%.
Esse avanço na base anual foi impulsionado principalmente pela alta de 27% na demanda por crédito junto a bancos e instituições financeiras. O setor de varejo também contribuiu para a expansão, com um crescimento de 2% no período.
A Neurotech aponta que essa expansão anual ocorre a despeito do ciclo de aperto monetário no país, que tem influenciado o indicador na margem, em um cenário de avanço do nível de endividamento. Nesta semana, o Banco Central elevou a taxa Selic de 14,75% para 15,00% ao ano, acumulando uma alta de 4,5 pontos percentuais desde setembro do ano passado, início do atual ciclo de aperto.
“Obviamente os juros ‘travam’ um incremento mais significativo, porém, percebemos que as operadoras de crédito, em geral, se mantêm resilientes neste momento”, avalia Natália Heimann, líder da Business Unit de Dados & Analytics para Crédito da Neurotech.
Segundo a responsável pelo INDC, existe um movimento para facilitar o acesso ao crédito e, consequentemente, fortalecer a economia brasileira. “O resultado do INDC mostra um crescimento tímido da demanda por crédito, mas que ainda mantém o cenário positivo registrado em todos os meses do ano até o momento”, afirma Heimann.
Analisando o desempenho por porte das empresas na comparação anual, o principal destaque positivo foram as pequenas empresas, com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões, que registraram um aumento de 31,6% na movimentação de crédito. As grandes empresas (faturamento acima de R$ 300 milhões/ano) também viram a demanda crescer 2,4% em abril ante igual mês de 2024. Por outro lado, as companhias de médio porte (faturamento médio de até R$ 300 milhões) tiveram uma queda de 10,2%, enquanto nas microempresas (faturamento até R$ 360 mil) o declínio foi de 8%.