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Alysson Paolinelli, unanimidade que unia brasileiros

Desde o governo militar até a administração atual do PT, Paolinelli sempre foi o termômetro da paz na agropecuária.

Nascido em Bambuí, formado em Lavras, onde foi também diretor da Universidade Federal. Convidado pelo governo da época em Minas Gerais Rondon Pacheco, para assumir a Secretaria de Agricultura, de imediato entrou com programas agrícolas para transformar o estado numa potência nacional da agropecuária.

A EMBRAPA estava sendo criada e caminhava a passos lentos. Foi quando o presidente Ernesto Geisel percebeu o crescimento agrícola mineiro e convidou Alysson Paolinelli para Ministério da Agricultura, e, como dizia Paolinelli, com liberdade absoluta de trabalho desde que o Brasil deixasse a condição de importador de alimentos.

Como todos sabemos a missão foi amplamente cumprida ultrapassando os limites da expectativa. Para muitos eram apenas sonhos desenhados para o futuro, porém Paolinelli trabalhava com a certeza de uma realidade próxima. E o Brasil se colocou em meio século entre as 3 principais potencias agrícolas do planeta, numa disparada que provoca movimentos de defesa entre os países da Comunidade Europeia. Hoje, o Brasil não entra em disputa isolada na produção de alimentos com países europeus. Que se juntem os 27 países da comunidade e se comparem ao Brasil!

O crescimento da agropecuária brasileira foi consequência de um trabalho executado em profundidade, com uso da ciência e tecnologia somando-se a força incansável do nosso produtor em todos os cantos do país, onde as dificuldades sempre se resolviam dentro das porteiras e o alimento sendo levado à mesa dos brasileiros sem ranço, sem ódio, sem traços de disputa politicas.

Não importavam as crises politicas, crise do petróleo ou a inflação descontrolada dos anos 80, quando o Governo

Sarney determinava o confisco de bois e alimentos nas fazendas, nada disso tirava a serenidade de

Alysson Paolinelli. Afinal de contas, o comportamento do Pai da Agricultura brasileira era fundamental para o equilíbrio da família rural.

Sempre solicitado e muito atento, Alysson transitava “sem passaporte” nos diversos segmentos públicos e privados. Suas reuniões era de portas abertas porque não havia nada a esconder de ninguém. Afinal seus objetivos eram o bem comum e sagrado, a produção de alimentos.

Pelo que vi, ouvi e a historia me contou, somènte uma vez presenciei o Pai da Agricultura apelando feio com os ataques políticos que invadiam o agronegócio brasileiro. Foi no dia 5 de abril, numa terça-feira, quando estive com ele em sua residência em Lagoa Santa, exatamente uma semana antes da cirurgia que fez na perna.

Alysson me disse que assumiria os riscos de uma cirurgia porque não suportava mais as dores que sentia. Um homem que não tinha mais o sossego para dormir, trabalhar e sentar a mesa para uma boa prosa, o que ele mais gostava.

Talvez já prevendo que o pior poderia acontecer, Paolinelli resolveu naquele dia rasgar o fole da sanfona alertando o presidente e ministros sobre o agronegócio que estava sendo colocado numa banca de cassino onde somente principiantes jogavam.

E mesmo se recuperando da cirugia, feita uma semana depois, ele se dispôs virtualmente a liderar uma reunião com vários ex-ministros e com o atual Carlos Fávaro com a finalidade de apaziguar e recolocar o trem do agro nos trilhos.

E por ironia o destino, até na sua despedida, estrelas do agronegócio brasileiro se reuniram no Palácio da Liberdade para transformarem o sonho de Paolinelli em realidade e em silencio dizerem: “a paz está de volta ao campo e aos gabinetes políticos. Faça uma viagem tranquila, Ministro Alysson! Sua missão está 100% cumprida!

Inúmeras outras autoridades politicas e do agronegócio estiveram nessa corrente da paz, entre elas, o comentarista de agronegócio da BAND, Roberto Rodrigues que foi ministro no primeiro Governo Lula e que esta semana acompanhou Alysson Paolinelli 24 horas por dia em Belo Horizonte, também esteve no Palácio da Liberdade a nova presidente da Embrapa Silvia Masshuá.

Confira o áudio com a bronca do presidente e seus ministros:

Em tempo:

O título dessa matéria vem de um texto escrito pelo presidente do Conselho de Agronegócio da ACMinas, Estevão Rocha Fiúza, numa homenagem ao eterno Ministro Alysson Paolinelli.

Produtor rural no município de Bambuí, em Minas Gerais, foi repórter esportivo por 18 anos na Itatiaia e, por 17 anos, atuou como Diretor de Comunicação e Gerente de Futebol no Cruzeiro Esporte Clube. Escreve diariamente sobre agronegócio e economia no campo.
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