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Leite ameaça inflacionar o mercado

Sem uma política pública definida, o leite vai continuar nessa eterna gangorra

O leite, que chegou a custar R$ 9 a caixinha, caiu para R$ 4,50, ainda caro para o consumidor brasileiro

Quando tudo parecia estar seguindo o mesmo caminho de parceria entre as proteínas animais na alimentação diária do brasileiro, o ovo teve uma disparada histórica e também a tilápia entrou numa onda alta de preços.

A carne bovina, que ano passado disparou e fugiu da mesa do brasileiro, teve quedas consecutivas e hoje se mantém num nível acessível à grande parte da população.

As carnes suína e de frango não mudaram de patamar e nesses tempos de altas de preços, sempre estiveram mais ao alcance do consumidor.

O ovo, que entre todas, era a proteína historicamente mais consumida por causa do custo menor, a partir de janeiro atingiu preços na contramão do mercado popular.

A tilápia entrou 2023 ultrapassando os 50 reais o quilo e hoje dá sinais de queda, porque, no inverno, a demanda doméstica cai, baixando os preços no mercado.

Até o feijão, nossa principal proteína vegetal, está colaborando com preços populares no mercado.

O leite, como destacamos ontem no Jornal da Itatiaia, vem chegando como a bola da vez da inflação! De novo, o leite! Esteve muito caro ano passado, inviabilizando as mamadeiras de muitas crianças pelo Brasil.

Chegou a valer 8/9 reais a caixinha de um litro. Hoje, caiu para 5 reais, 4,50, ainda caro para o consumidor brasileiro em sua maioria.

A importação do leite argentino e uruguaio, subsidiado naqueles países, está liberada pelo governo brasileiro em percentual elevado, e os produtores, aqui, já recebem menos pelo leite produzido.

A continuar assim, o risco do leite disparar novamente é grande!

O Brasil na década de 70 produzia menos de 8 bilhões de litros por ano. Com a criação da Embrapa veio revolução tecnológica na agropecuária, hoje produzimos 35 bilhões de litros.

Deixamos para trás o tempo em que éramos compradores, até de carne! E, nos transformamos nessa potencia mundial do agronegócio.

Naquela época o consumo médio era 75 litros por pessoa/ano. Hoje, 170 litros por pessoa anualmente.

E porque não se consegue criar uma política forte para o leite protegendo produtor e consumidor, as duas pontas mais importantes da cadeia?

A produção do leite é historicamente recorrente, viciada! As barreiras que travam os produtores são as mesmas.

O leite é uma questão social! Como vamos conseguir acabar com a fome se não temos leite para milhões de crianças brasileiras?

Produtor rural no município de Bambuí, em Minas Gerais, foi repórter esportivo por 18 anos na Itatiaia e, por 17 anos, atuou como Diretor de Comunicação e Gerente de Futebol no Cruzeiro Esporte Clube. Escreve diariamente sobre agronegócio e economia no campo.