Há muito tempo o boi não vive momentos de tanta tranquilidade. Boa parte do rebanho não corre risco de ir para o abate muito em breve. Um fato quase inacreditável na entressafra do boi que está terminando. Acontece quando o animal está pronto para ser entregue ao frigorífico e de repente as porteiras das fazendas se fecham e a boiada não sai.
O motivo aparentemente é simples já que a população diminui o consumo da carne porque o “bolso” do consumidor não alcança os preços lançados no mercado. E assim é criado o impasse entre os produtores e os frigoríficos.
Numa safra de grande volatilidade de preços ao produtor não deixa de ter sua razão, porque pagou caro pelos insumos de engorda, e também pagou bem mais para fertilizar o seu pasto e repentinamente os preços retornam as tabelas de 2 anos atrás. Ninguém aguenta!
Só que na outra mão da estrada vem o consumidor, que viu seus ganhos mensais se perderem no mercado da inflação e não há outra opção senão migrar da carne bovina para o frango ou porco e até para ovo que vira proteína alternativa e diária.
Enquanto o produtor e consumidor esticam a corda pelas pontas, os frigoríficos gangorram no meio. Eles têm poder de negociação, nem que seja de forma unilateral. Os frigoríficos muito fortes assinam contratos com bastante antecedência (contrato a termo) com os produtores que comprovam capacidade de entrega. Entram no risco de pagar mais caro ou mais barato, depende do o momento determinado pelo mercado.
E boa parte desses frigoríficos figuram fortemente no mercado da exportação, que pelo menos salvam os produtores que conseguem animais com carne de qualidade diferenciada. Porém, dos medianos para baixo a competição vira uma corrida no escuro.
Os produtores que tinham melhores condições financeiras seguraram ou ainda estão segurando a boiada no pasto, mas não se sabe até quando! Pelas cifras futuras do mercado bovino não há boas perspectivas.
Os chineses continuam comprando em boa escala a carne brasileira, mas já conseguiram com muita paciência derrubar os preços do Boi China, o boi exportação. Quem já pagou 350 reais a arroba, hoje paga 290.
E as projeções para o ano que vem com os chineses são boas, mas não excelentes! Eles estão trabalhando para aumentar a produção da carne bovina no país, então vão comprar menos. E os preços altos que foram pagos na exportação esse ano já estão fora da realidade.
Por isso, torna-se muito importante o Brasil continuar ampliando o mercado externo da carne para não perdermos o volume de vendas a estrangeiros.
O Brasil acaba de bater novo recorde na exportação de carne bovina no mês de outubro com um volume excepcional de 187 mil toneladas, mais que o dobro de outubro do ano passado que embarcou 82 mil toneladas.
O mundo não vai parar de comer carne, mas o Brasil precisa ampliar a clientela lá fora, diversificando a carteira de compradores para não cair numa armadilha como foi a dos fertilizantes, quase que unicamente com a Rússia que acabou nos atendendo muito bem!