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O boi deitou no pasto e ninguém o levanta!

Os preços da arroba do boi estão como antes da pandemia, só que o custo da engorda disparou!

O Brasil acaba de bater novo recorde na exportação de carne bovina no mês de outubro

Há muito tempo o boi não vive momentos de tanta tranquilidade. Boa parte do rebanho não corre risco de ir para o abate muito em breve. Um fato quase inacreditável na entressafra do boi que está terminando. Acontece quando o animal está pronto para ser entregue ao frigorífico e de repente as porteiras das fazendas se fecham e a boiada não sai.

O motivo aparentemente é simples já que a população diminui o consumo da carne porque o “bolso” do consumidor não alcança os preços lançados no mercado. E assim é criado o impasse entre os produtores e os frigoríficos.

Numa safra de grande volatilidade de preços ao produtor não deixa de ter sua razão, porque pagou caro pelos insumos de engorda, e também pagou bem mais para fertilizar o seu pasto e repentinamente os preços retornam as tabelas de 2 anos atrás. Ninguém aguenta!

Só que na outra mão da estrada vem o consumidor, que viu seus ganhos mensais se perderem no mercado da inflação e não há outra opção senão migrar da carne bovina para o frango ou porco e até para ovo que vira proteína alternativa e diária.

Enquanto o produtor e consumidor esticam a corda pelas pontas, os frigoríficos gangorram no meio. Eles têm poder de negociação, nem que seja de forma unilateral. Os frigoríficos muito fortes assinam contratos com bastante antecedência (contrato a termo) com os produtores que comprovam capacidade de entrega. Entram no risco de pagar mais caro ou mais barato, depende do o momento determinado pelo mercado.

E boa parte desses frigoríficos figuram fortemente no mercado da exportação, que pelo menos salvam os produtores que conseguem animais com carne de qualidade diferenciada. Porém, dos medianos para baixo a competição vira uma corrida no escuro.

Os produtores que tinham melhores condições financeiras seguraram ou ainda estão segurando a boiada no pasto, mas não se sabe até quando! Pelas cifras futuras do mercado bovino não há boas perspectivas.

Os chineses continuam comprando em boa escala a carne brasileira, mas já conseguiram com muita paciência derrubar os preços do Boi China, o boi exportação. Quem já pagou 350 reais a arroba, hoje paga 290.

E as projeções para o ano que vem com os chineses são boas, mas não excelentes! Eles estão trabalhando para aumentar a produção da carne bovina no país, então vão comprar menos. E os preços altos que foram pagos na exportação esse ano já estão fora da realidade.

Por isso, torna-se muito importante o Brasil continuar ampliando o mercado externo da carne para não perdermos o volume de vendas a estrangeiros.

O Brasil acaba de bater novo recorde na exportação de carne bovina no mês de outubro com um volume excepcional de 187 mil toneladas, mais que o dobro de outubro do ano passado que embarcou 82 mil toneladas.

O mundo não vai parar de comer carne, mas o Brasil precisa ampliar a clientela lá fora, diversificando a carteira de compradores para não cair numa armadilha como foi a dos fertilizantes, quase que unicamente com a Rússia que acabou nos atendendo muito bem!

Produtor rural no município de Bambuí, em Minas Gerais, foi repórter esportivo por 18 anos na Itatiaia e, por 17 anos, atuou como Diretor de Comunicação e Gerente de Futebol no Cruzeiro Esporte Clube. Escreve diariamente sobre agronegócio e economia no campo.