Falar que a carne e o leite chegaram ao limite de preços não é aconselhável, porque a qualquer momento o panorama pode mudar. O leite deve parar por aí e já deu inclusive pequenos alarmes de baixa.
Mas carne bovina aponta sinais positivos. O porco já começa a ser remarcado nas placas dos açougues e supermercados, de forma gradual mas vai subindo.
O frango que estava adormecido desde o início do mês ja acordou e a qualquer momento volta a cantar. Frango e porco são as duas proteínas mais baratas e por isso impactam menos quando ganham preço novo.
Só não da para entender as manipulações que estão sendo feitas com o boi. A JBS que segundo a Bloomberg é a hoje a maior empresa de alimentos do mundo superando a Nestlé, anuncia o fechamento de vários frigoríficos em varias cidades, com muitas demissões e outros recebendo férias coletivas.
O interessante é que tudo acontece de forma repentina, no amanhecer do sol, pegando os funcionários e o pecuarista de surpresa. A perda da receita dessas prefeituras também é grande. Impacto social desastroso.
Juara, Pontes e Lacerda, Alta Floresta e Colíder no Mato Grosso; Nova Andradina e Juina, Mato Grosso do Sul; Redenção e Tucumā no Pará. Todas já estão fechadas.
Alguns municípios e sindicatos tentam ir a Brasília para buscar solução. Foi tudo muito rápido tirando o poder de reação de funcionários e da população local. E não houve nenhuma satisfação ou explicação.
Se a JBS continua exportando o BOI CHINA em grande volume, torna-se necessário saber que os pequenos e médios produtores são responsáveis pelo sucesso dessa empresa, porque são eles que sustentam a população brasileira. Os grandes alcançam grandes preços embarcam tudo recebendo em dólar, o que também é importante para o país.
Esses pecuaristas também foram jogados no pasto. Compreendendo as distâncias entre cidades no Mato Grosso, Pará e Mato Grosso do Sul, para onde o produtor vai levar o seu gado? Muitos têm dentro da porteira animais terminados que já começam a dar prejuízo se não forem abatidos imediatamente. Será que vamos promover uma quebradeira nesse país? Basta rever o que fizeram com os pequenos produtores de leite!
Ha muito tempo, todos sabem, a JBS só come o filé e a picanha descartando os ossos para boa parte da população. Eles trabalham com pesquisas e conhecem bem o perfil do consumidor. Se amanhã o preço da carne bovina sobe 3 ou 4 reais o quilo, o máximo que pode acontecer é o consumidor deixar de comprar patinho a 46 reais e pedir o acém que custa em média 40 reais. Quem consume filé, picanha, alcatra e contrafilé não tá nem aí! Quem não pode continua sem comer! É simples assim!
Repito o que escrevi numa das colunas anteriores:
A pandemia e a guerra estão nos deixando uma certeza: por mais forte que sejam os alicerces construídos pelos poderosos, eles não estão imunes aos fatores surpresas que atingem o planeta. Muitos se foram sem chances de defesa, e, nós precisamos de carne e leite para alimentar as crianças que irão substituí-los.