Ouvindo...

Mudança: Itatiaia tem nova sede em Belo Horizonte

Eu cheguei na Itatiaia em 1985 e, de lá pra cá, já foram muitas histórias e lugares diferentes da Rádio de Minas

Itatiaia tem nova sede na avenida Barão Homem de Melo, em Belo Horizonte

Quando cheguei à Itatiaia, em maio de 1985, já tinha trabalhado em hotel (de 11 a 14), banco (de 14 a 20) e mais 8 anos, na Rádio Guarani e Diário da Tarde, com passagem também pelo Jornal de Minas. Antes de me receber na antiga Rua Coromandel, a Itatiaia tinha nascido no Edifício Ouro, em Nova Lima e experimentado o Helena Passig, na Praça Sete, e também pelo “Balança, mas não Cai”, na rua Tupis, além de breves meses na Rua Adalberto Ferraz, aqui na Lagoinha.

Portanto, eu e a Itatiaia temos razões para acreditar no filosofo Heráclito – “Nada é permanente senão a mudança”. Mas, dói de lá, dói de cá; afinal, são 37 anos e dois meses de uma convivência que não pode ser chamada de rotina, porque cada dia era uma aventura, pelos cantos de Belo Horizonte e região metropolitana, rincões das Minas Gerais e investidas por Rio, São Paulo, principalmente Brasília. Sem falar em incursões pela Ásia, África, Europa e as três Américas. Muita história, de Constituinte, posse de presidentes, crimes horrorosos, eventos da ONU, Fórum Social Mundial, sequestros, viagem com Papa, abraço em Chico Xavier, emoções mil.

Agora, na hora da mudança, reforço minhas convicções de que a Itatiaia e o Mercado Central são muito parecidos. Ela é a rádio de Minas, ele a praia dos mineiros. Ele preserva os cheiros, as cores, os sabores, as lojas, barracas, manias, modos, mas, não abre mão do caixa eletrônico, do elevador, do sistema de segurança, enfim, acerta com o novo que ele pode chegar, desde que respeite o velho, a história, a tradição. Ela, abrigou o FM, fez clone com o AM, recebeu a Internet e está enamorada do digital, afinal, foi juntando a turma das redes com os fiéis do dial que chegou ao posto de mais ouvida do Brasil. Se não fosse flexível, aberta à inovação, ainda seria a gozação da cidade, falando para a Floresta e cochichando para Santa Tereza. Youtube sim, mas, com abraço pra dona Maria.

O movimento imobiliário é a só a fachada. Nas entranhas, nós, os mais velhos, vamos passando o bastão para os moços, dentro de um combinado: entregamos experiência, mostramos os caminhos e seus atalhos e eles devolvem com respeito. Afinal, o poeta Belchior ensinou:

“Você não sente nem vê Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo Que uma nova mudança em breve vai acontecer E o que há algum tempo era jovem novo, hoje é antigo E precisamos todos rejuvenescer”.

Outro poeta, o Gil, já sabia que iríamos para a Barão Homem de Melo e antecipou o número:

Começou a circular o Expresso 2222.

Então, respeito ao ontem, que é história, fé no futuro, que é mistério, e vibração no hoje, que é dádiva, chamada presente. Bora!

Antes de trabalhar no rádio, Eduardo Costa foi ascensorista e office-boy de hotel, contínuo, escriturário, caixa-executivo e procurador de banco. Formado em Jornalismo pelo UNI-BH, é pós-graduado em Valores Humanos pela Fundação Getúlio Vargas, possui o MBA Executivo na Ohio University, e é mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Agora ele também está na grande rede!