No currículo de Maradona tem o título do Mundial sub-20 no ano em que ele completou 19 anos. O mesmo acontece com Messi: na temporada em que ele chegou à maioridade. No Brasil, defender a última Seleção na escada das categorias de base ganha contornos de coisa menor, como se fosse “castigo” usar a amarelinha no sub-20.
E isso fica evidente mais uma vez no Sul-Americano da categoria, que começa para a Seleção nesta quinta-feira (19), diante do Peru, às 19h (de Brasília), no tradicional Pascual Guerrero, em Cáli, na Colômbia.
A lista original do técnico Ramon Menezes, que teve grande carreira nas seleções de base ainda como jogador do Cruzeiro, onde foi formado, tinha nomes como Endrick, do Palmeiras, Marcos Leonardo e Ângelo, do Santos, e Matheus França e Victor Hugo, do Flamengo.
Mas os clubes pediram a dispensa desses atletas, que já estão integrados aos seus elencos principais, embora alguns deles ainda tenham idade para jogar na base por algumas temporadas.
Até que ponto é positiva essa atitude, muito comum no futebol brasileiro? Não colabora em nada. A carreira de todo atleta tem etapas e passar por elas é importante na formação.
Quando se tira um garoto da Seleção sub-20 para a disputa de um Campeonato Sul-Americano é transferido a ele uma mensagem nada positiva no processo de formação do caráter do atleta.
O tratamento exagerado às promessas, que rapidamente ganham status de estrelas, é um ponto importante na decepção com várias delas, que não conseguem corresponder muitas vezes por se perderem no processo, por falta de maturidade, orientação ou as duas coisas juntas, que inclusive é o mais comum.
A atitude dos clubes ao pedirem a liberação de seus jogadores é um egoísmo cruel, não só por enfraquecer a Seleção Brasileira sub-20 em competições oficiais, mas principalmente por colaborar, em vários casos, com a perda desses garotos no processo de transformação em craques.