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Betim mostra a BH que arena é solução, não problema

Vittorio Medioli revela plano para construção de uma arena multiuso, em Betim, com o Cruzeiro podendo ser parte do empreendimento

O anúncio bombástico feito pelo prefeito de Betim Vittorio Medioli (sem partido), nesta quarta-feira (15), da construção de uma arena multiuso na cidade com o Cruzeiro podendo ser parte e aumentando a viabilidade do empreendimento, que seria uma PPP do município com a iniciativa privada, pode colocar as novas casas de Raposa e Galo a menos de dez quilômetros de distância, já que a Arena MRV fica na divisa de Belo Horizonte com Contagem, às margens da mesma Via Expressa que pode abrigar o estádio celeste.

Se existe a proximidade geográfica, do ponto de vista negócio são situações completamente diferentes, principalmente na maneira como as duas administrações municipais tratam o impacto econômico que será provocado em suas respectivas cidades. E nesta comparação, Medioli leva uma grande vantagem.

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A arena de Betim, que pode vir a ser a casa cruzeirense, pois as negociações ainda estão em andamento, é uma iniciativa do prefeito da cidade, que vê no empreendimento uma possibilidade de geração de empregos, negócios, pois o projeto prevê um centro de convenções, lazer e visibilidade.

Ainda é difícil fazer qualquer comparação entre os dois projetos, pois a Arena MRV já será inaugurada no ano que vem e o estádio de Betim ainda é embrionário.

De toda forma, a casa atleticana batalha para ter por parte do poder executivo de Belo Horizonte contrapartidas razoáveis. As exigências da Prefeitura da capital mineira dificultam demais o investimento alvinegro e são consideradas exageradas pelo clube.

Em comunicado recente, o Atlético publicou em seu site oficial que são mais de 100 as contrapartidas exigidas pela PBH para a operação da Arena MRV, que será multiuso com shows, feiras, convenções, festas. Isso vai impactar diretamente na valorização da região e na economia da cidade.

O clube calcula que elas podem custar entre R$ 200 e R$ 240 milhões, cerca da metade, por exemplo, do custo do empreendimento anunciado em Betim, orçado em cerca de R$ 450 milhões.

As negociações seguem entre clube e poder executivo numa tentativa de que se possa chegar a algo razoável, próximo por exemplo do que São Paulo impôs a Corinthians e Palmeiras quando da construção das suas respectivas arenas.

Apesar de se ter muito a conhecer sobre o empreendimento apresentado por Medioli na manhã desta quarta-feira, fica evidente como Betim e Belo Horizonte têm visões diferentes de empreendimentos que num futuro próximo podem ser geradores de empregos, impostos e movimentar a economia informal das duas cidades, o que é importante principalmente nesses momentos de crise financeira.

Vittorio Medioli inclusive disse que as contrapartidas necessárias, e não serão muitas, pois a arena estará entre as BRs 262 e 381 e a Via Expressa, serão feitas pela própria Prefeitura de Betim. O restante do empreendimento será bancado pela iniciativa privada.

A Arena MRV é uma realidade. A que será erguida em Betim ainda um projeto embrionário. Uma certeza é de que ambas mudarão o cenário da região onde estão localizadas.

Talvez a iniciativa de Betim possa ser um pontapé para Belo Horizonte perceber que o novo estádio atleticano precisa sim dar contrapartidas ao município, principalmente pelo impacto no trânsito, mas que o retorno econômico de um empreendimento tão grande não pode ser descartado quando se faz essas cobranças. E isso ficou evidente para quem acompanhou a entrevista de Vittorio Medioli, pois ele foi didático neste aspecto.

Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro
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