Vivemos na era da pressa, das notificações constantes e das respostas imediatas. Nesse cenário, saber silenciar virou quase um superpoder.
Quando estamos diante de conflitos, com a tendência de reagir no impulso, a pausa estratégica se torna fundamental: é ela que abre espaço para o discernimento e a clareza.
Mas como silenciar quando a emoção está à flor da pele? Não é simples, mas é necessário. Em muitos momentos, você vai sentir vontade de responder no mesmo tom, levantar a voz ou até xingar. No entanto, isso apenas aumenta a escalada do conflito.
Em uma negociação, por exemplo, perceber as próprias emoções e as da outra parte ajuda a entender se é o momento certo de continuar a conversa ou se é melhor parar e retomar depois. Dizer algo como: “Acho que agora precisamos interromper por aqui. Podemos conversar novamente em outro momento?” pode ser uma decisão estratégica.
O silêncio, a pausa, é o que permite compreender melhor sentimentos e necessidades — nossos e dos outros. Ele funciona como uma ferramenta poderosa: sair de cena, respirar e criar espaço para a escuta empática.
William Ury, professor de Negociação em Harvard, lembra disso em seu clássico Como Chegar ao Sim. Ele sugere a metáfora do “Go to the balcony”, em português, “vá para a sacada”. É a ideia de se afastar um pouco da situação para enxergá-la de fora, com mais clareza e menos emoção. Quando mudamos de um olhar rígido e fixo para uma perspectiva mais ampla, abrimos espaço para novas ideias e soluções criativas.
Uma pesquisa do MIT Sloan School of Management, publicada em 2021, reforça esse ponto: o silêncio ajuda no autocontrole, estimula a criatividade e favorece negociações mais construtivas, rompendo com a lógica do “tudo ou nada”.
E não é apenas nas negociações formais que isso vale. Nas conversas do dia a dia, quando “o sangue ferve”, silenciar também é necessário. Isso não significa fugir do diálogo ou ser passivo, mas sim compreender que, em certos momentos, a pausa é o melhor caminho. Ela permite refletir, tomar decisões mais conscientes e criar um espaço de escuta real.
Como dizia Rubem Alves, “a comunicação nasce da escuta”. E para escutar de verdade, é preciso cultivar o silêncio dentro da alma.
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Sou Ingrid Haas, Palestrante, Escritora e PhD em Direito. Professora na USP, Facilitadora de Comunicação Integrativa e Não Violenta, Diversidade, Inclusão e Gestão de Conflitos.
Ajudo empresas, equipes e pessoas a enfrentar os desafios de comunicação em ambientes diversos e multiculturais.
Formada em Letras, Direito. Com Mestrado e Doutorado em Direito.
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